Apoiadores de Bolsonaro se reúnem em Brasília contra indicação de Flávio Dino para o STF

Apoiadores de Jair Bolsonaro se reúnem na Esplanada dos Ministérios em protesto contra indicação de Flávio Dino para o STF

No último domingo, 10 de dezembro, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniram na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para protestar contra a indicação do ministro da Justiça, Flávio Dino, para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). A presença do presidente Bolsonaro na manifestação não foi possível, já que o mesmo estava em Buenos Aires para a posse de Javier Milei como presidente da Argentina, ao lado de ex-ministros de seu governo.

O ato contou com a presença de senadores e deputados, porém, teve baixa adesão da população. Os apoiadores levaram um trio elétrico ao local e manifestaram seu descontentamento com gritos de “Dino, não”, pedindo também que o Senado pautasse o impeachment do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Além disso, alegaram que o ato iniciava a saída do presidente Luiz Inácio Lula da Silva da presidência.

Está prevista para a próxima quarta-feira, 13, a votação da indicação do ministro ao Supremo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Diversos políticos, como o deputado Gustavo Gayer, convocaram os apoiadores a voltarem à Esplanada na manhã da votação da CCJ, como forma de pressionar os senadores a barrarem o nome de Dino.

Na manifestação, estiveram presentes diversos políticos, como os senadores Rogério Marinho, Magno Malta, Jorge Seif, Izalci Lucas, Eduardo Girão e Márcio Bittar, além dos deputados Nikolas Ferreira, André Fernandes e Gustavo Gayer. Segundo a Polícia Militar, a estimativa de público não foi divulgada, e os manifestantes ocuparam uma pequena faixa da Esplanada, sem interromper o trânsito no local.

Paralelamente, esses apoiadores lançaram a convocação do ato desde o início de dezembro, também chamando para concentrações em Brasília e na Avenida Paulista, em São Paulo. Desde os atos golpistas de 8 de janeiro, os apoiadores do ex-presidente estavam afastados de grandes manifestações nas ruas do País. Na ocasião, centenas de pessoas foram presas por invadir e depredar os prédios do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, clamando por intervenção militar e pela retirada de Lula da presidência.

Durante o ato contra Dino, o deputado Gustavo Gayer solicitou que os apoiadores contribuíssem com uma “caixinha” de Natal ou com Pix para ajudar “os patriotas” que ainda estão com tornozeleira eletrônica após deixarem a prisão por determinação do STF. Segundo relatos, manifestantes colocaram notas de R$ 20, R$ 50 e R$ 100 na “caixinha”. Além disso, os bolsonaristas levaram à Esplanada a viúva e as duas filhas de Cleriston Pereira da Cunha, que morreu em novembro no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. O empresário estava preso por ter participado dos atos golpistas de 8 de janeiro. “Ele morreu abandonado”, disse Magno Malta no trio elétrico.

Entretanto, nem todos os presentes demonstraram a mesma disposição para a luta. O deputado André Fernandes observou que “o povo, boa parte, perdeu as esperanças”. Perante a situação, pediu para que “não desanimem”.

Além disso, os manifestantes foram alvo de críticas de petistas na conferência do partido, realizada em 9 de dezembro. Acirramentos de ânimos ocorreram quando apoiadores vaiaram a primeira-dama, Rosângela da Silva, conhecida como Janja, que disse no encontro do PT que “se tudo der certo, logo Bolsonaro vai estar preso”.

Quanto à indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal, o relator da indicação, senador Weverton Rocha, apresentou parecer favorável à candidatura do ministro à Corte Suprema em 4 de dezembro. O documento detalha que Dino “teve experiências exitosas no exercício de funções dos Três Poderes da República”, ressaltando seu currículo profissional e acadêmico. Ademais, Dino foi governador do Maranhão por dois mandatos, juiz federal e deputado e é senador afastado por exercer o cargo de ministro da Justiça de Lula.

Parece que a indicação de Flávio Dino possui apoio no Senado, uma vez que, menos de 24 horas após a indicação, Dino já contava com mais da metade dos votos necessários para sua aprovação na Comissão de Constituição e Justiça. Diante disso, a expectativa é de que a indicação seja aprovada, apesar dos embates protagonizados pelo ministro com bolsonaristas ao longo do ano. A rejeição do nome de Igor Roque para a chefia da Defensoria Pública da União (DPU), em outubro, havia sido vista como um recado de que o Senado poderia também barrar Dino, mas esses rumores parecem agora infundados.

Assim, fica clara a tensão entre os apoiadores de Bolsonaro, que buscam impor pressão sobre o Senado para impedir a indicação de Flávio Dino, e a situação político-jurídica do Brasil, com novos nomes sendo analisados para cargos de grande importância no país.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo