Após mais de dois anos do anúncio, o projeto ainda não saiu do papel devido a um imbróglio judicial. O Ministério Público apontou que o terreno adquirido para a escola está em uma zona que não permite a construção de um local desse tipo. De acordo com o Promotor Arthur Moreira Barbosa, o zoneamento local impõe que 60% da área construída seja destinada para habitação de pessoas com renda entre zero e três salários mínimos, o que inviabiliza o projeto original da Vai-Vai.
Além disso, a Promotoria também questiona a capacidade de público da sede, indicando que seria necessária a realização de um estudo de impacto na vizinhança, algo que ainda não foi feito. A Secretaria de Urbanismo e Licenciamento confirmou que não há alvará deferido para liberar a obra no local.
O drama da escola de samba se torna ainda mais complexo com a revelação de um suposto envolvimento de um ex-diretor financeiro com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Conforme documentos obtidos, o ex-diretor teria lucrado milhões de reais com a negociação do terreno onde seria construída a nova sede da Vai-Vai.
A situação se agrava com a constatação de que a escola de samba, um dos símbolos culturais mais importantes da cidade, foi prejudicada por um suposto envolvimento com o mundo do crime. A investigação policial indicou que o ex-diretor da agremiação, Luiz Roberto Marcondes Machado de Barros, teria usado o negócio com a Vai-Vai para lavar dinheiro supostamente arrecadado com o tráfico de drogas.
Diante dessas revelações, a Vai-Vai se pronunciou afirmando que não tinha conhecimento das restrições do terreno e que as obras permanecem paralisadas por decisão judicial. A advogada do ex-diretor financeiro da escola também defendeu a legalidade das transações comerciais e negou qualquer envolvimento com o PCC.
O desdobramento desse caso coloca em xeque a credibilidade da escola de samba e levanta preocupações sobre a transparência e governança de instituições culturais tão importantes para a cidade de São Paulo. Agora, cabe às autoridades competentes investigar a fundo as denúncias e garantir que a justiça seja feita, tanto para a Vai-Vai quanto para a comunidade que representa.