Os resultados foram publicados em um estudo liderado por pesquisadores da Universidade Dalhousie (Canadá), da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (Estados Unidos) e da ONG The Nature Conservancy. O estudo revela que a pesca insustentável de tubarões é um problema global de proporções gigantescas que pode levar à extinção de algumas das espécies mais antigas e importantes do ponto de vista ecológico.
A pesquisa cruzou dados de captura em 150 países levantados a partir de órgãos de fiscalização regional, em áreas com ou sem legislações proibindo a pesca. Em alguns casos, os dados eram informados pelos próprios navegadores a partir de observadores ou fiscais nas embarcações, enquanto em outros eram obtidos via monitoramento de satélite (GPS). No total, foram analisados dados de 1,1 bilhão de tubarões capturados nos últimos anos em embarcações pesqueiras no mundo.
A maioria das mortes de tubarões ocorreu em embarcações costeiras, onde a captura aumentou 4%, enquanto houve um decréscimo de 7% nos pesqueiros offshore (alto-mar). As regiões com índices mais elevados de mortalidade encontram-se nas costas norte e sul do Atlântico, oeste do continente africano, no oceano Índico e na região conhecida como Triângulo Coral, no Sudeste Asiático.
As principais causas apontadas para o aumento da mortalidade foram a pesca predatória, o chamado bycatch (quando a espécie-alvo é outra mas a embarcação acaba pegando outros animais) e o aumento da procura por carne de tubarão no mundo, impulsionando a pesca inclusive de espécies ameaçadas de extinção.
Vale destacar que o Brasil tem um papel relevante no aumento da mortalidade de tubarões, onde o fenômeno tem crescido em diferentes lugares. No entanto, a falta de estatísticas pesqueiras confiáveis tem sido um obstáculo para a fiscalização adequada da pesca desses animais.
Os pesquisadores envolvidos no estudo recomendam combinar proteções geográficas com regulamentações de pesca para melhorar a perspectiva dos tubarões. Novas políticas precisam desencorajar a captura de espécies hoje com sobrepesca e ameaçadas, além de reduzir a captura incidental de tubarões. É necessário um esforço conjunto de órgãos de gestão, empresas pesqueiras e responsáveis pela fiscalização e controle das frotas para apoiar e implementar tais medidas.
