Durante os encontros, Lula discutiu as pendências que ainda travam um desfecho para as negociações e cobrou clareza em relação à viabilidade do acordo. Ele afirmou que o Mercosul está pronto para concluir o acordo o mais rápido possível e espera uma postura clara por parte dos europeus. Para o presidente brasileiro, a decisão agora está mais no âmbito político do que técnico.
Lula ainda reafirmou que o Mercosul não aceita posturas como a proposta de carta adicional feita pela UE neste ano, que inclui possibilidades de sanções relacionadas a questões ambientais. O grupo europeu deseja estabelecer punições para aqueles que não cumprirem os termos do Acordo de Paris, tratado internacional sobre mudanças climáticas.
O presidente brasileiro considera essa proposta inaceitável e está confiante em que possa ser alcançado, até o final do ano, um acordo equilibrado que leve em conta as necessidades de ambos os lados. O Mercosul, liderado pelo Brasil, já apresentou uma contraproposta ao documento adicional dos europeus.
Lula também ressaltou que a proposta da UE desconsidera os esforços do Brasil em relação ao tema ambiental, citando o trabalho realizado pelo governo federal para reduzir o desmatamento na Amazônia e a realização da Cúpula da Amazônia, que reuniu autoridades dos oito países da região em agosto, em Belém.
Aprovado em 2019 após 20 anos de negociações, o acordo Mercosul-UE ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países dos dois blocos para entrar em vigor. A negociação envolve um total de 31 países.
Durante as conversas com os líderes europeus, Lula reafirmou que o Brasil não abrirá mão das compras governamentais, considerando essa ferramenta essencial para a reindustrialização do país. A proposta do acordo prevê que fornecedores estrangeiros possam ser contratados no Brasil e participar de licitações públicas.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, concordou com a intenção de encontrar um caminho consensual. Em suas redes sociais, ela expressou o valor que a UE atribui à parceria com o Brasil e a vontade de reenergizá-la.
Além das discussões sobre o acordo Mercosul-UE, Lula também se encontrou com o presidente francês, Emmanuel Macron. Os dois líderes concordaram em reeditar, em 2025, uma parceria para levar representantes da cultura brasileira à França e destaques do cenário artístico francês para apresentações no Brasil. A parceria será semelhante ao Ano do Brasil na França e ao Ano da França no Brasil, realizados nos anos 2000.
Lula e Macron também trataram de uma agenda de cooperação em áreas como defesa e meio ambiente, além do convite de Lula para que Macron faça sua primeira visita oficial ao Brasil, prevista para o primeiro semestre de 2024.
O presidente brasileiro também teve uma conversa com o príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. Os representantes sauditas manifestaram o interesse em ampliar os investimentos no Brasil, principalmente nas áreas de petróleo, gás e energias renováveis, além de retomar uma agenda comercial que esteve parada nos últimos anos.