Esses dados foram obtidos a partir do Censo Escolar de 2022, e revelam que mais da metade dos estudantes matriculados na rede pública de ensino, cerca de 52%, não têm acesso a bibliotecas em suas escolas. Ao analisar por nível de ensino, verifica-se que 78% dos alunos da educação infantil, o que corresponde a quase 5,2 milhões de crianças, estão sem acesso a bibliotecas no ambiente escolar. No ensino fundamental, o número é de 51%, o que representa mais de 11 milhões de alunos, e no ensino médio, cai para 31%, equivalente a 2 milhões de estudantes.
Os números também mostram disparidades entre os diferentes tipos de escolas. Enquanto as escolas federais saem na frente, com 98% delas contando com bibliotecas, a rede estadual oferece esse recurso em apenas 61% das escolas, e as escolas municipais têm a menor porcentagem, com apenas 23% delas contando com bibliotecas.
Apesar de o Congresso ter aprovado uma lei em 2010 determinando a universalização das bibliotecas na rede pública de ensino, o prazo de 10 anos estabelecido para as escolas se adequarem não foi cumprido. Para o presidente da Atricon, Cezar Miola, é necessário dar visibilidade a esses números a fim de subsidiar o desenvolvimento de políticas públicas que corrijam as lacunas do sistema escolar. “Em contextos de grandes desigualdades, melhorias na infraestrutura escolar, tais como nos espaços de leitura, tendem a incidir de maneira mais significativa sobre os resultados escolares”, afirmou Miola.
O levantamento também aponta que os Estados que registram menor porcentagem de alunos matriculados em escolas com bibliotecas são o Acre (13%), São Paulo (16%) e Maranhão (29%). Por outro lado, Minas Gerais (82%), Rio Grande do Sul (76%) e Paraná (73%) concentram mais estudantes em instituições de ensino com livros à disposição.