Peña, que está em sua primeira visita oficial ao Brasil desde que assumiu o governo paraguaio em agosto do ano passado, concordou em rediscutir a questão das tarifas de Itaipu. O presidente paraguaio afirmou que as conversas foram “sinceras, abertas e construtivas”, enfatizando que as posições de ambos os países foram compartilhadas. Além disso, Peña mencionou o convite feito por Lula para uma visita conjunta aos dois presidentes a Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul, onde está sendo construída uma nova ponte de integração binacional entre Brasil e Paraguai.
A reunião entre Lula e Peña foi pelo menos a quarta desde o ano passado, e em todas elas, o preço da energia de Itaipu esteve no centro das discussões. Em abril do ano passado, o Conselho de Administração de Itaipu havia aprovado o valor de US$ 16,71 por quilowatt, mas posteriormente, Peña foi eleito presidente e defendeu publicamente o aumento do preço da energia vendida ao Brasil.
Após 50 anos, Brasil e Paraguai trabalham para a revisão do Tratado de Itaipu, que dispõe sobre as bases financeiras e de prestação dos serviços de eletricidade do empreendimento. A empresa binacional conta com um orçamento anual de cerca de US$ 3,5 bilhões, sendo que quase 70% destinavam-se ao pagamento da dívida do Paraguai com a construção da hidrelétrica no Rio Paraná.
Com a quitação da dívida no ano passado, o Anexo C do tratado poderá ser revisado, conforme prevê o texto. Nem toda a energia gerada por Itaipu é consumida pelo Paraguai, e é revendida ao Brasil, o que levou os vizinhos a buscarem aumentar o valor cobrado pela tarifa. Peña ressaltou a importância da produção de energia elétrica sustentável, e destacou que o Brasil e o Paraguai são campeões nesse segmento, mas que é necessário olhar para o futuro.
Além das discussões sobre a usina de Itaipu, Lula e Peña também mencionaram o progresso na construção da ponte de integração entre os dois países em Porto Murtinho, reforçando o compromisso mútuo de fortalecerem os laços bilaterais. A ponte, que está em andamento, tem previsão de conclusão em 26 meses e promete intensificar a integração econômica e social entre o Brasil e o Paraguai.
