A advogada Kathleen Tie, quilombola da comunidade Pedro Cubas de Cima, localizada em Eldorado (SP), lamenta o aumento da violência nos quilombos nos últimos anos. Para ela, os números trazem visibilidade às violências sofridas nos territórios. Já Jurandy Wellington Pacífico, presidente do Instituto Mãe Bernadete, ressalta que a violência contra quilombolas se acentuou nos últimos cinco anos, destacando a importância da ocupação de espaços de poder pelo povo negro.
A pesquisa também revelou que 13 quilombolas foram mortos no contexto de luta e defesa do território, enquanto nove mulheres quilombolas foram vítimas de feminicídio. Assim como os dados sobre assassinatos, a proporcionalidade de mulheres quilombolas assassinadas dobrou no último período.
Os representantes das comunidades quilombolas apontaram o enfraquecimento das ações promovidas pelos poderes públicos como um dos motivos para o aumento da violência. Além disso, destacaram a importância de retomar iniciativas que beneficiem os povos quilombolas, como a elaboração de planos nacionais e estaduais de titulação dos territórios quilombolas e a revisão das normas administrativas que regem os procedimentos quilombolas.
Para Kathleen Tie, é essencial que o Estado elabore políticas públicas efetivas e eficientes para a superação das realidades vividas nos territórios quilombolas. Ela também defende a participação social da sociedade civil para garantir que uma nova configuração dos programas contemple as especificidades de pessoas e grupos ameaçados quilombolas. Já Jurandy Pacífico ressalta a necessidade de ocupar espaços de poder como uma forma de combater o massacre do povo negro.
Em suma, a pesquisa sobre a violência contra quilombolas aponta para a urgência na implementação de políticas públicas efetivas, que visem à proteção e promoção dos direitos das comunidades quilombolas no Brasil. A revisão das normas administrativas, elaboração de planos de titulação dos territórios quilombolas e a ocupação de espaços de poder pelo povo negro são algumas das sugestões destacadas pelos representantes das comunidades quilombolas.