Lampiões a gás do Pateo do Collegio, marco histórico de São Paulo, são reinaugurados após três anos de reforma

Após três anos desativados, os 37 lampiões a gás do Pateo do Collegio, localizado no centro histórico de São Paulo, foram acesos novamente às 18h30 desta quinta-feira (14). Essa revitalização foi realizada através de uma parceria entre a Subprefeitura da Sé e a Comgás, empresa responsável pelo abastecimento de combustível.

Para marcar esse momento especial, aproximadamente cem pessoas estiveram presentes no evento de reinauguração. Durante a cerimônia, trovadores declamaram seus versos em um palco improvisado enquanto a plateia acompanhava atentamente. No entanto, todos tiveram que se abrigar sob uma redoma para se proteger da chuva incessante que caía. Apesar disso, a multidão foi iluminada pelas novas e amareladas luzes dos lampiões.

O contraste entre essa festividade e a triste realidade ao redor do local não passou despercebido por Dora Maia, aposentada de 68 anos que vive na região há mais de meio século. Ela lamenta: “As lâmpadas são bonitas, memória, mas vão servir somente para iluminar a pobreza ao redor.”

Inicialmente, estava prevista uma caminhada até a rua Roberto Simonsen para prestigiar a iluminação, porém, devido às condições meteorológicas, essa programação teve que ser cancelada.

Os primeiros lampiões a gás da cidade de São Paulo foram instalados em 1873 pela San Paulo Gas Company, que atualmente é conhecida como Comgás. Naquela época, cerca de 700 desses equipamentos foram colocados nas calçadas da cidade, e eram acesos e apagados manualmente.

Essa novidade, naquela época, trouxe vida para a cidade. As ruas, que antes eram desertas durante a noite por conta da escuridão, passaram a ter movimento e atividades.

Ao longo das décadas seguintes, os lampiões foram perdendo relevância e, em 8 de dezembro de 1936, a última luminária operacional em uma rua foi desligada. No entanto, no Pateo do Collegio, esses lampiões resistiram ao tempo.

Alvaro Camilo, subprefeito da Sé, destaca a importância dos lampiões a gás como parte da história de São Paulo e acredita que eles serão mais um atrativo para a população.

Desde 2001, o sistema de ligação dos lampiões é automatizado e conta com dispositivos acionados por fotocélulas. Essas fotocélulas identificam a queda de luminosidade e liberam automaticamente o gás natural para acender o queimador.

Além disso, o Pateo do Collegio é um local histórico que está intimamente ligado à fundação de São Paulo. O local foi escolhido para a construção do complexo dos jesuítas por ser alto e pela sua localização estratégica entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí.

Durante a cerimônia de comemoração da abertura do colégio, em 1554, foi celebrada a primeira missa que marcou oficialmente a fundação da cidade.

No entanto, dois séculos depois, os jesuítas foram expulsos do Brasil e o local passou a ser a sede do governo local, que funcionou no local até 1930. Hoje, além do Pateo do Collegio, existe a paróquia de São José de Anchieta e um museu com coleções de arte sacra e pinturas dos séculos 17 e 18.

O complexo é tombado pelo Condephaat (conselho estadual de defesa do patrimônio histórico) e abriga relíquias como o manto do padre José de Anchieta, canonizado em 2014 pelos católicos, e o fêmur de Anchieta.

A revitalização dos lampiões a gás no Pateo do Collegio é um importante passo para resgatar a história de São Paulo e atrair a população para conhecer um dos locais mais significativos da cidade.

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