O dilema da falácia do custo irrecuperável: como lidar com investimentos que não estão dando certo

O amigo leitor que havia adquirido o ingresso para o tão esperado show da cantora Madonna se viu em uma situação complicada. No dia do evento, ele acordou doente e ainda precisava lidar com um forte temporal que caía do lado de fora. Com a certeza de que não conseguiria aproveitar o show e temendo piorar ainda mais sua saúde, o leitor se deparou com o dilema do que fazer. Ele já havia gastado o dinheiro do ingresso, que não era reembolsável nem transferível.

Essa situação, em que o leitor se encontra, é comum e possui até um nome: a falácia do custo irrecuperável. Muitas vezes, diante de um investimento prévio, as pessoas tendem a optar por seguir em frente, mesmo que isso possa acarretar em maiores prejuízos. É uma atitude irracional, mas bastante recorrente. Não apenas pessoas físicas, mas também governos e indústrias, como no caso do avião Concorde, já caíram na armadilha dessa falácia.

No caso do Concorde, o projeto inicialmente estimado em US$ 130 milhões teve um custo final de US$ 2,8 bilhões, mais de 20 vezes o valor original. O avião nunca foi economicamente rentável e acabou sendo aposentado em apenas 30 anos. Mesmo diante dos problemas evidentes, o projeto seguiu em frente para evitar admitir o fracasso.

Decisões irracionais como estas são frequentes e, segundo estudiosos como Daniel Kahneman e Richard Thaler, são influenciadas por emoções e vieses. A teoria da “contabilidade mental” de Thaler destaca que muitas decisões financeiras são tomadas com base em raciocínios simplistas. Essas características parecem ser exclusivamente humanas, não sendo identificadas em outros animais.

Portanto, a falácia do custo irrecuperável é um desafio enfrentado por muitas pessoas e organizações, que muitas vezes optam por seguir em frente mesmo diante do fracasso iminente. Reconhecer essa tendência irracional pode ajudar a evitar prejuízos desnecessários e tomar decisões mais conscientes e racionais.

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