Jornalista da Al Jazeera perde família em ataque israelense enquanto secretário de Estado dos EUA critica cobertura

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, fez um pedido ao primeiro-ministro do Qatar para que a cobertura da Al Jazeera em Gaza fosse suavizada. Esse pedido ocorreu pouco antes do principal jornalista da cobertura, Wael Al-Dahdouh, perder sua família em um ataque israelense na região. Esse não é o primeiro incidente desse tipo envolvendo profissionais da Al Jazeera, que possuem um histórico de risco ao realizarem seu trabalho.

Criado em 1996 pelo emir Hamad bin Khalifa Al Thani, o canal Al Jazeera ganhou popularidade no Ocidente por sua cobertura diferenciada dos veículos de mídia ocidentais durante as invasões no Afeganistão e no Iraque. Desde então, vários jornalistas palestinos já foram mortos durante o exercício de suas funções, incluindo Shireen Abu Akleh no ano passado e Tareq Ayyoub em 2003.

A ligação entre a Al Jazeera e a Palestina remonta aos profissionais contratados pelo canal desde o início de suas operações, muitos deles vindos da BBC na Arábia Saudita. Além disso, o emir Tamim bin Hamad al-Thani tem uma conexão pessoal com a região e já visitou Gaza em 2012, com autorização dos Estados Unidos.

O Qatar também desempenha um papel importante como mediador na região, estabelecendo linhas de comunicação indiretas com o Hamas. Recentemente, o país mediou a libertação de quatro reféns e continua em negociações em meio à atual invasão.

O papel do Qatar nessa guerra tem sido elogiado tanto pelos Estados Unidos quanto por Israel, que reconhecem seus esforços diplomáticos. O país busca se apresentar como um intermediário ativo na região há décadas, mantendo contatos com o Taleban e hospedando a maior base militar dos EUA no Oriente Médio.

Além disso, a riqueza do Qatar vem principalmente de sua reserva de gás, que divide com o Irã. Esse recurso é importante para a Europa e a China, que dependem do gás qatari em momentos de sanções ou dificuldades com outras fontes. Essa busca por um papel mediador também visa proteger seus interesses econômicos.

No entanto, o Qatar enfrenta pressão externa desde os primeiros anos da Al Jazeera, principalmente por parte de seus vizinhos, como a Arábia Saudita. Essa pressão levou até mesmo a um embargo e ameaças de invasão durante três anos, entre 2017 e 2021.

Apesar dos desafios e riscos, a Al Jazeera continua desafiando a narrativa ocidental e dando voz às histórias e perspectivas palestinas. A cobertura jornalística imparcial e corajosa do canal tem sido essencial para trazer luz a conflitos e questões globais.

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