Comunidade em Viamão, conhecida como “sítio dos pelados”, é alvo de denúncias de abusos e manipulações por ex-integrantes.

Na manhã de um domingo, um grupo de 30 pessoas se reuniu em um amplo salão com piso de madeira na zona rural de Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre (RS). O cenário era peculiar: todos estavam nus, com vendas nos olhos, prontos para participar de uma Maratona de Potencial Sexual, parte de um processo terapêutico promovido pela Comunidade Osho Rachana.

Fundada em 1991 por discípulos do polêmico líder espiritual indiano Osho, o sítio conhecido como “sítio dos pelados” tem como proposta terapêutica a prática de uma sexualidade livre, baseada em conceitos da terapia bioenergética e meditações ativas. Inspirada no movimento liderado por Osho nas décadas de 1970 e 1980, a comunidade gaúcha tem como foco principal a libertação de bloqueios e traumas ligados à repressão sexual.

No entanto, ex-integrantes da comunidade relatam uma realidade obscura por trás das práticas terapêuticas. Segundo eles, foram vítimas de manipulações, humilhações e até mesmo agressões físicas durante o tempo em que estiveram envolvidos com o método da Comuna. Denúncias foram feitas ao Ministério Público do Rio Grande do Sul, que ainda está investigando o caso.

Prem Milan, líder da Comunidade Osho Rachana, se defende das acusações, alegando que as práticas terapêuticas tinham caráter voluntário e que ninguém era forçado a participar. Ele nega qualquer forma de violência física ou psicológica e refuta a ideia de que a comunidade funcionava como uma seita.

No entanto, relatos de ex-integrantes apontam para um cenário de opressão e coerção dentro da comunidade, onde as mulheres eram alvo preferencial de tratamentos humilhantes e constrangimentos. A acusação de “cura gay” também foi levantada por alguns denunciantes, que afirmam terem sido submetidos a práticas que visavam alterar sua orientação sexual.

O caso levanta questionamentos sobre o limite entre terapia e abuso dentro de comunidades espirituais e terapêuticas, evidenciando a importância da investigação e proteção dos direitos dos participantes. Enquanto as denúncias seguem em análise, a Comunidade Osho Rachana e seu líder Prem Milan tentam se defender das acusações, que colocam em xeque a integridade das práticas terapêuticas promovidas pelo grupo.

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