Ministério do Trabalho pretende substituir saque-aniversário do FGTS por empréstimo consignado via E-Social, impactando trabalhadores e mercado financeiro

O Ministério do Trabalho e Emprego surpreendeu esta semana ao anunciar a intenção de acabar com o saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e substituí-lo por um novo modelo de empréstimo consignado para os trabalhadores, por meio do E-Social. A declaração foi feita durante uma audiência pública da Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados, na qual Carlos Augusto Simões, representante do Ministério do Trabalho, expôs os motivos por trás dessa proposta.

De acordo com o ministério, o aumento das operações de saque-aniversário representa uma ameaça à sustentabilidade do FGTS. Estima-se que até 2030, essa modalidade de saque consumirá uma quantia de R$ 262 bilhões, valor que poderia ser destinado para financiar 1,3 milhão de moradias, uma das finalidades do FGTS.

O saque-aniversário, que foi instituído em 2019, permite que o trabalhador retire uma parte do saldo do FGTS no seu aniversário, mas em caso de demissão, ele ficará apenas com a multa de 40%. Além disso, as regras atuais permitem que o trabalhador contrate operações de antecipação dos saques com os bancos.

O novo modelo de empréstimo consignado em estudo terá taxas semelhantes às oferecidas pelas operações de antecipação de saques. A ideia é que o trabalhador possa escolher a melhor oferta de taxas de juros entre 80 bancos e realizar o empréstimo por meio de um aplicativo. O objetivo é apresentar uma taxa de juros próxima à antecipação, oferecendo ao trabalhador a possibilidade de realizar o sonho da moradia no futuro, algo que estaria ameaçado com a manutenção do saque-aniversário.

Os debates sobre o tema na audiência pública evidenciaram diferentes opiniões. Enquanto representantes da indústria da construção alertaram para os impactos negativos do saque-aniversário no financiamento de moradias para famílias de baixa renda, os bancos defenderam a relevância das operações de saque para o pagamento de dívidas e ressaltaram o aumento da arrecadação do FGTS. Por outro lado, organizações de defesa do consumidor alertaram para os riscos que os trabalhadores negativados podem enfrentar ao buscar o novo empréstimo consignado.

Diante da polêmica, a necessidade de garantir o direito de escolha dos trabalhadores e a busca por soluções que equilibrem os interesses das partes envolvidas se tornam pontos importantes a serem considerados nesse debate em torno do futuro do FGTS e do saque-aniversário. A decisão final sobre o tema ainda aguarda novos desdobramentos e discussões entre os setores envolvidos.

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