Nesse mesmo dia, a província do Ceará, localizada a 2,5 mil quilômetros de distância da capital do país, declarou a abolição da escravidão, quatro anos antes da Lei Áurea. A proclamação foi feita pelo médico e político Sátiro de Oliveira Dias, presidente da província, que anunciou ao Brasil e ao mundo que o Ceará não possuía mais escravos.
O impacto dessa abolição não se restringiu apenas ao Ceará. Um dos líderes do movimento abolicionista, José do Patrocínio, enviou uma carta a Victor Hugo, em Paris, informando sobre o ocorrido. A resposta do escritor francês destacou o simbolismo da iniciativa cearense como um avanço da civilização sobre a barbárie.
A historiadora Martha Abreu ressaltou a importância desse evento, que marcou o início da abolição no Brasil e impulsionou o movimento abolicionista. Além disso, o historiador Paulo Henrique Martinez destacou a repercussão positiva do fato, que demonstrou a viabilidade econômica e social do fim da escravidão no país.
O pioneirismo do Ceará na abolição da escravidão também foi analisado sob um viés econômico. A diminuição da dependência da mão de obra escrava na região, aliada ao movimento abolicionista ativo, contribuiu para o marco histórico de 1884. A participação da elite e dos jangadeiros cearenses também foi fundamental nesse processo.
A abolição da escravidão no Ceará teve uma grande repercussão nacional e internacional, influenciando outros movimentos abolicionistas e acelerando a adesão ao fim do regime escravagista. A abolição cearense foi um marco importante no processo de libertação dos escravos no Brasil, representando uma vitória política e social significativa.