Litoral de SP tem mais de 25 mil endereços em áreas de risco, aponta IBGE e CPRM

O litoral norte e a Baixada Santista de São Paulo apresentam um cenário preocupante em relação aos endereços domiciliares localizados em áreas de risco. De acordo com dados obtidos através de um cruzamento entre as coordenadas geográficas do Censo Demográfico 2022 do IBGE e um mapeamento de suscetibilidade a deslizamentos feito pelo Serviço Geológico do Brasil, há pelo menos 25.481 endereços nessas regiões que enfrentam os desafios de desastres naturais, como desabamentos e inundações, sendo que quase metade deles são considerados de “alto risco”.

Esses dados revelam que cerca de 1,93% do total de 1,32 milhão de domicílios nas 13 cidades analisadas estão em áreas de risco. O litoral é especialmente impactado, pois muitos imóveis foram construídos em encostas de montanhas, áreas de alagamento e de erosão costeira. A concentração de pessoas em locais susceptíveis a desastres climáticos tem gerado preocupação, visto que a intensidade e a frequência desses eventos estão aumentando, aumentando também os riscos de catástrofes.

O especialista Rodrigo Lilla Manzione, da Unesp, destaca que a questão não é mais sobre se ocorrerá um desastre, mas sim onde ele ocorrerá. Estima-se que cerca de 75 mil pessoas vivam em áreas de risco apenas no litoral de São Paulo, o que evidencia um grande problema social decorrente do crescimento desordenado e da atração de pessoas para essas áreas turísticas por necessidade de trabalho.

O desafio de lidar com essas situações tem sido evidente, como mostra o caso de São Sebastião, que sofreu com um temporal em 2023 resultando em 64 mortos e mais de 500 pessoas desabrigadas. A prefeitura afirmou estar realizando obras de contenção e realocação de famílias afetadas, porém, as ações governamentais anteriores têm sido criticadas por falta de investimentos em infraestrutura hidráulica.

Apesar das medidas emergenciais adotadas pelas prefeituras e pelo governo do estado, o histórico de falta de investimentos em obras hidráulicas e de prevenção coloca em risco a segurança dos moradores. A inação anterior dos governantes torna urgente a necessidade de investimentos pesados para lidar com eventos climáticos extremos e a realocação de comunidades inteiras em áreas de risco.

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