Duas anos após as enchentes na Bahia, famílias desabrigadas continuam em áreas de risco e enfrentam medo com chuvas

**Enchentes na Bahia deixam marcas dois anos depois**

Um dos piores desastres naturais da história recente da Bahia ainda deixa marcas visíveis dois anos após a tragédia. Entre novembro de 2021 e janeiro de 2022, fortes temporais assolaram o estado, deixando um rastro de destruição. Os números são impressionantes: 27 mortos, 523 feridos e 30 mil desabrigados. Cerca de 190 cidades ficaram em estado de emergência, com quase 1 milhão de pessoas afetadas, segundo a Defesa Civil.

Dentre as cidades mais afetadas, estão 37 com risco “muito alto” de desastres hidrológicos, como enxurradas e inundações. Além disso, outras 110 cidades possuem risco considerado “alto”.

Itamaraju, no extremo sul da Bahia, foi um dos epicentros do desastre, com a destruição de estradas, pontes e a inundação de centenas de casas. O rio Jucuruçu, que corta a cidade, registrou sua maior cheia em 35 anos.

Em entrevista, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), afirmou que a gestão tem realizado obras de infraestrutura, como contenção de encostas, drenagem de bacias e até o desvio do curso de rios. No entanto, Rodrigues admite que o volume de recursos e o ritmo das obras estão aquém do necessário.

A falta de planejamento estrutural para enfrentar eventos climáticos extremos é uma das principais preocupações. Não há planos mais amplos para minimizar os danos causados por enchentes e enxurradas, nem sistemas de alerta com sirenes e treinamento para moradores de áreas mais sensíveis.

Além disso, a população atingida enfrenta problemas na reconstrução de suas casas e na relocação em áreas seguras. Parte das famílias que ficaram desabrigadas voltou a morar em áreas de risco, por falta de opção, e enfrenta o medo a cada nova temporada de chuvas.

Ambientalistas e especialistas cobram atitudes mais efetivas do governo para enfrentar o cenário de emergência climática na Bahia. Eles alertam para a necessidade de ações mais concretas e planejadas de adaptação das cidades, bem como a realocação de pessoas que vivem em áreas vulneráveis.

Apesar das dificuldades, o governo da Bahia anunciou um investimento de R$ 220 milhões para construir 2.586 novas unidades habitacionais em 40 municípios atingidos pelas enchentes. No entanto, até dezembro, apenas 13 casas haviam sido entregues no município de Cocos, no oeste baiano, e outras 780 unidades habitacionais estão em processo de construção.

Em meio à desolação, comunidades continuam a sofrer com a falta de medidas efetivas para lidar com eventos climáticos extremos. E enquanto isso, a população segue aguardando respostas e soluções concretas por parte dos governantes. A preocupação com a mudança climática e seus efeitos devastadores é concreta, mas os desafios para enfrentá-la seguem sendo grandes.

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