Desigualdade educacional aumenta nos anos de 2021 e 2022, revela estudo inédito do IMDS com impactos na alfabetização de crianças.

De acordo com a educadora Socorro Xavier Ritter, que atua como diretora há 20 anos em uma escola pública da zona rural do Distrito Federal, a situação educacional não voltou ao estágio pré-pandemia. A escola em que ela trabalha, a Sonhém de Cima, atende 170 crianças em situação de vulnerabilidade, e Ritter percebeu um impacto drasticamente negativo na evolução dos alunos na leitura e escrita desde o início da pandemia.

Um estudo do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS) corroborou com a visão de Ritter, mostrando um aumento nas desigualdades de oportunidades educacionais nos anos de 2021 e 2022, principalmente relacionado à alfabetização de crianças de 7 e 8 anos. O índice de oportunidades educacionais caiu de 84% em 2020 para 67% em 2022, refletindo a magnitude do impacto da pandemia na educação.

A pesquisa do IMDS utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) para chegar a suas conclusões. Eles constataram que as desigualdades estão diretamente relacionadas à escolaridade dos pais, renda familiar, quantidade de crianças no domicílio e localização urbana ou rural.

O estudo mostrou que a desigualdade é evidente desde a alfabetização das crianças até o desempenho no ensino médio, principalmente em matemática, onde apenas 9% dos alunos atingem o nível de aprendizado adequado. Além disso, as penalidades, que geram desigualdades, foram consideradas muito altas na alfabetização, o que pode acarretar em problemas futuros no ensino médio.

A situação exposta pela pesquisa do IMDS foi respaldada por relatos de familiares de alunos, como o caso de Julia Gracielle Santos, moradora da zona rural de Sobradinho, que teve dificuldades em auxiliar seus filhos com as tarefas escolares durante a pandemia devido à sua própria limitação educacional.

O diretor do IMDS, Paulo Tafner, ressaltou a necessidade de políticas integradas para lidar com as desigualdades educacionais e destacou que, apesar do aumento nos anos de estudo ao longo do tempo, a qualidade oferecida aos alunos brasileiros não é compatível com as necessidades do mundo atual.

Dessa forma, tanto educadores quanto pesquisadores concordam que a pandemia agravou significativamente as desigualdades educacionais no Brasil, colocando em evidência a necessidade de soluções integradas e eficazes para a melhoria do sistema educacional do país.

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