Calor extremo atinge São Paulo e tem impacto desigual nas diferentes regiões da cidade de acordo com a renda dos moradores.

O calor intenso que atingiu a cidade de São Paulo e que deve voltar em dezembro é mais presente nas zonas norte e leste e no entorno do centro expandido, enquanto a temperatura é relativamente mais baixa em áreas a sudoeste do centro, que concentram alguns dos distritos mais ricos da capital paulista.

A análise de dados da capital paulista mostra que os bairros mais ricos da cidade conseguem atenuar as chamadas ilhas de calor, locais sem área verde em que o asfalto e as estruturas de concreto absorvem a energia do sol e elevam a temperatura do ar, mantendo-a alta até a noite. A renda é um fator determinante na escala de calor, uma vez que os distritos mais ricos possuem temperatura média de superfície 0,7ºC mais fria do que a da cidade, enquanto o restante vive com o solo 2ºC mais quente.

Os bairros mais pobres, como Marsillac, no extremo sul de São Paulo, são exceções, mas na maioria dos casos, a renda influencia diretamente a temperatura do local. Os eixos noroeste, nordeste e sudeste são os mais prejudicados pela mudança no clima, com a urbanização informal e grande densidade construtiva que cria as ilhas de concentração de calor, sem áreas permeáveis e arborização.

A presença de áreas verdes, como parques e vegetação, é uma das principais estratégias para levar conforto térmico em meio ao aquecimento global, segundo os especialistas. O PDE (Plano Diretor Estratégico) previa a entrega de mais 167 parques, mas apenas 11 tinham sido inaugurados até junho. A revisão do PDE aumentou para 186 as áreas disponíveis para a criação de parques, alguns em áreas sobre as quais havia grande interesse imobiliário.

Bairros como Jardins América, Europa, Paulista e Paulistano protegem sua arborização por lei, o que impede a construção de arranha-céus na região. Mesmo assim, o adensamento construtivo nas suas bordas afeta o microclima desses oásis urbanos. A cidade de São Paulo tem cerca de 110 parques, mas é necessário continuar investindo em praças e parques como política de Estado para amenizar o calor.

A presença da água no ambiente urbano, na forma de rios, córregos, lagos e fontes, também é um elemento importante para enfrentar o calor, evitando canalizações e retificações dos corpos d’água. A concentração de calor está diretamente associada à ausência de vegetação urbana, o que evidencia a importância da arborização para amenizar esses efeitos.

Com base em cálculos feitos sobre mapas de temperatura de superfície captados pelos satélites Landsat 8 e Landsat 9 da Nasa, é possível identificar as áreas mais afetadas pelo calor em São Paulo. A presença de áreas verdes e a ausência de manchas quentes nos maciços de vegetação na Cantareira e nas unidades de conservação na porção no extremo sul do município são evidências do impacto das áreas verdes no clima da cidade.

Em meio ao cenário de aumento do calor na cidade, é fundamental investir em parques e áreas verdes, de modo a amenizar os efeitos das ilhas de calor e proporcionar maior conforto térmico para a população paulistana. A presença de áreas verdes e a proteção da vegetação são medidas que podem contribuir significativamente para minimizar os efeitos do calor extremo na cidade de São Paulo.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo