Agosto registra maior número de mortes pela polícia em dez anos na região da Baixada Santista durante a Operação Escudo

A região da Baixada Santista, que compreende os municípios de Santos, Guarujá e São Vicente, viveu o mês de agosto com o maior número de mortes pela polícia dos últimos dez anos. Esses recordes de mortes ocorrem no contexto da Operação Escudo, uma iniciativa do governo Tarcísio de Freitas para combater ataques contra agentes de segurança.

Segundo dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), policiais militares mataram 12 pessoas ao longo do mês de agosto nessas três cidades, o que representa um recorde na região. Esse número é ainda maior do que o total de mortes cometidas pela polícia em toda a região no ano de 2022, que foi de 24.

A Operação Escudo, que teve início em julho depois da morte de um soldado, já deixou um total de 28 mortos, tornando-se a ação mais letal da polícia militar desde o massacre do Carandiru. Embora a operação tenha sido encerrada em setembro, uma nova fase foi iniciada depois do assassinato de um sargento aposentado.

Essa tendência de aumento no número de mortes em ações policiais é observada em todo o estado de São Paulo. De janeiro a agosto de 2023, policiais militares e civis mataram 355 pessoas, o que representa um aumento de 35% em relação ao mesmo período do ano passado.

Apesar desse aumento em relação ao ano passado, é importante ressaltar que o número de mortes em ações policiais ainda está abaixo dos registros de anos anteriores. Em 2019, por exemplo, policiais mataram 867 pessoas, sendo esse o ano com o maior número de mortes nesse período.

Um fator que contribuiu para a redução do número de mortes nos últimos anos foi a utilização de câmeras portáteis pelos policiais. Batalhões que adotaram essa tecnologia apresentaram uma queda recorde no número de mortes de suspeitos e um aumento na produtividade policial.

No entanto, a falta de câmeras corporais nas ações da Operação Escudo tem sido alvo de críticas por parte de moradores e entidades de defesa dos direitos humanos. Segundo o Ministério Público, imagens de câmeras corporais mostram registros de confrontos em apenas 3 dos 16 casos iniciais da operação.

O governo e a SSP afirmam que todas as investigações não encontraram irregularidades e que todas as provas estão sendo compartilhadas com o Ministério Público e o Judiciário. No entanto, as críticas em relação ao uso de câmeras corporais e a transparência nessas operações ainda persistem.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo