Com uma extensa família, incluindo sobrinhos, sobrinhos-netos e sobrinhos-bisnetos, Ti Vi desistiu de contar todos eles, mesmo sendo bom em matemática e tendo trabalhado como bancário por muitos anos. No entanto, ele sabia exatamente quem era filho de quem.
Ti Vi construiu sua vida em São Paulo, onde se casou, teve três filhos e acabou se separando no início dos anos 2000. Na época, ele morava em Santos, cidade do seu time do coração, porém, que não estava indo tão bem como antes. No entanto, ele teve a sorte de presenciar uma vitória por 4 a 0 do seu time de futebol em uma partida contra a Portuguesa.
Apesar de ter vivido em São Paulo, não havia paixão maior para Ti Vi do que Ibiassucê, para onde ele retornou e viveu feliz até o fim. Por um breve período, ocupou o cargo de secretário municipal de Educação, Cultura Esportes e Lazer, mas logo abandonou a política para ter uma vida menos complicada.
Ele caminhava diariamente vários quilômetros, participava de um grupo de ginástica formado predominantemente por senhoras, cuidava de suas galinhas, rezava o terço dos homens e apreciava uma cervejinha ocasionalmente, sem exageros. Ti Vi não reclamava de nada e seu maior incômodo era a sensação de estar incomodando os outros. Mesmo discreto, ele sempre conseguia arrancar sorrisos das dezenas de pessoas que encontrava em suas caminhadas diárias.
Ele sabia o time de futebol de todo mundo, gostava de inventar apelidos, adorava festas e também namorava. Sempre vaidoso, Ti Vi mantinha sua aparência em dia, com uma escova de cabelo sempre à mão, roupas estilosas e perfume aplicado adequadamente. Ele era tio, mas jamais seria considerado um tiozão.
No último dia 15 de agosto, aos 67 anos, José Vicente faleceu devido a complicações cardíacas enquanto aguardava um procedimento cirúrgico. Sua cidade natal, Ibiassucê, parou em homenagem a ele, decretando luto oficial no dia 16. Ele deixou dois irmãos, Maria (Bia) e Felipe, além dos filhos Gabriel, Marcos e Lucas, os netos Joaquim, Eduardo e Antonio, e uma multidão de amigos e sobrinhos, que eram considerados família de coração.
(Fonte: Adaptado a partir de texto originalmente publicado em um site de notícias)
