Javier Milei assume a presidência da Argentina em meio a crise econômica e inflação acumulada de 140%, sucedendo uma série de líderes ante crises crônicas.

O economista liberal Javier Milei foi eleito como o novo presidente da Argentina em uma eleição histórica realizada no último domingo (19). Sua vitória é marcada por uma situação econômica crítica no país, com uma inflação acumulada de mais de 140% nos últimos 12 meses. Ele terá o desafio de liderar a Argentina em meio a uma sociedade profundamente polarizada, uma realidade que parece crônica no país sul-americano.

Desde a redemocratização em 1983, a Argentina tem enfrentado crises econômicas e problemas sociais recorrentes. Raúl Alfonsín, líder da União Cívica Radical, foi o primeiro presidente eleito após a ditadura militar (1976-1983). Seu governo promoveu avanços sociais, mas enfrentou dificuldades econômicas que resultaram em sua renúncia seis meses antes do fim do mandato. Durante o seu período no poder, aconteceu o importante Julgamento das Juntas Militares, responsabilizando os líderes do período ditatorial.

Carlos Menem, que governou de 1989 a 1999, aprofundou a crise argentina, que culminou no chamado “corralito” em 2001. Seu segundo mandato foi marcado por políticas ultraliberais e privatizações de empresas, além de enfrentar denúncias de corrupção que resultaram em condenações póstumas.

Fernando de la Rúa, correligionário de Alfonsín, enfrentou uma crise econômica e social durante seus dois anos no poder. Sua tentativa de conter a retirada em massa de dinheiro dos bancos levou a protestos populares e sua renúncia.

Ramón Puerta e Adolfo Rodríguez Saá assumiram a presidência em um breve período após a renúncia de De la Rúa, mas nenhum deles permaneceu por muito tempo no cargo, demonstrando a instabilidade política do país naquele período.

Eduardo Duhalde, que governou de 2002 a 2003, implementou medidas para tentar recuperar a economia argentina, mas teve que enfrentar a maior queda no PIB em 100 anos.

A era Kirchner iniciou com Néstor Kirchner, que exerceu a presidência de 2003 a 2007, mantendo uma política nacionalista e aumentando o controle do Estado sobre a economia. Sua esposa, Cristina Kirchner, governou de 2007 a 2015, estatizando empresas e entrando em confronto com a imprensa do país.

Mauricio Macri, que sucedeu o kirchnerismo, enfrentou dificuldades para dar estabilidade à Argentina e declarou moratória em sua dívida de curto prazo. Ele perdeu a eleição em 2019 para Alberto Fernández, que assumiu a presidência com altos índices de inflação e uma grande parcela da população vivendo abaixo da linha da pobreza.

Agora, com a vitória de Javier Milei, a Argentina espera por uma mudança em sua trajetória política e econômica, com desafios significativos a serem enfrentados em um contexto de crise profunda. A população aguarda ansiosa por sinais de recuperação e estabilidade, após décadas de instabilidade e incertezas. Entretanto, o novo presidente precisará navegar em um terreno extremamente polarizado e lidar com as demandas de uma sociedade que clama por soluções concretas para seus problemas de longa data.

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