No final do mês de novembro, um grupo de influenciadores digitais se reuniu em São Paulo para participar de um treinamento promovido pelo Redes Cordiais, um projeto que busca disseminar a ideia de “influência responsável” na internet. O objetivo do projeto é enfrentar questões como polarização política, discurso de ódio e desinformação por meio do engajamento de personalidades influentes nas redes sociais.
Durante o treinamento, os influenciadores participaram de uma atividade sobre segurança pública, ministrada por especialistas do Instituto Sou da Paz. Segundo um dos mediadores, a intenção é aproveitar o potencial de comunicação desses influenciadores, comparando-os aos “novos Faustões e novas Fátimas Bernardes”, para disseminar informações importantes para a sociedade.
Criado em 2018, o Redes Cordiais faz parte de um conjunto de organizações que buscam estimular uma atuação mais responsável de artistas, personalidades e criadores de conteúdo nas redes sociais. Além disso, plataformas como Despolarize e Politize! também têm ganhado espaço com iniciativas para combater fake news e estimular um debate saudável e democrático em meio à polarização política vivida no Brasil.
O projeto já contou com a participação de diversas personalidades, como a atriz Paolla Oliveira, o cantor Rogério Flausino e o humorista Fabio Porchat. Segundo Clara Becker, cofundadora do projeto, a intenção é engajar os influenciadores na tarefa de educar o público sobre o consumo responsável de informação e o compartilhamento de conhecimentos.
Durante as discussões, os influenciadores presentes expressaram preocupações em relação à dificuldade de estabelecer diálogos equilibrados e a resistência de algumas pessoas a debater questões polêmicas. Além disso, houve uma reflexão sobre a importância de evitar a exposição de uma pretensa superioridade moral e a necessidade de praticar a empatia e reconhecer as próprias limitações.
Uma das personalidades mais conhecidas do Brasil, Felipe Neto, fundador do Instituto Vero, também tem buscado inserir-se no debate sobre desinformação e polarização política. O Instituto também utiliza influenciadores para tentar influenciar a opinião pública, visto que, segundo Victor Vicente, diretor de comunicação do Vero, essas personalidades têm o papel de moldar o fluxo da informação e ditar tendências.
No entanto, o trabalho do Redes Cordiais não é isento de desafios. A fundadora do projeto, Clara Becker, ressaltou que nem sempre é fácil fazer com que as mensagens do projeto sejam assimiladas por todos os públicos, e que o objetivo é plantar sementes e promover a diversidade de opiniões. Segundo ela, o Redes Cordiais já impactou mais de 238 milhões de contas, mas enfrenta resistência de alguns influenciadores, que não aderem permanentemente à proposta de influência responsável.
O projeto é financiado por doações de diversos organismos, incluindo o brasileiro Instituto Betty & Jacob Lafer e o americano Fundo Nacional para a Democracia, e já recebeu recursos de gigantes da tecnologia, como Google e Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp. A organização se define como apartidária, mas não neutra, defendendo a democracia e evitando posicionamentos ideológicos para atrair pessoas de todos os lados.
Com a aproximação das eleições municipais de 2024, o Redes Cordiais planeja repetir a iniciativa de levar influenciadores para se aproximarem das instituições políticas, como o Supremo Tribunal Federal, a fim de explicar o papel da corte e de seus ministros.
Em resumo, o treinamento promovido pelo Redes Cordiais em São Paulo reuniu influenciadores para discutir a importância de uma influência responsável nas redes sociais, visando enfrentar questões como polarização política, discurso de ódio e desinformação. O projeto tem sido uma importante iniciativa para engajar personalidades influentes na defesa da democracia e na promoção de debates saudáveis e democráticos no cenário político atual.