Elon Musk toma decisão estratégica militar ao desativar satélites da Starlink em ataque à frota naval russa na Ucrânia.

Em uma noite de 2022, as Forças Armadas da Ucrânia realizaram uma audaciosa tentativa de destruir a frota naval russa baseada em Sebastopol, na Crimeia, usando drones submarinos. Para guiar esses drones até o alvo, as Forças Armadas ucranianas contaram com a tecnologia da Starlink, uma subsidiária de internet da SpaceX, empresa de exploração espacial liderada por Elon Musk.

Desde o início da guerra, Musk vinha fornecendo infraestrutura de rede para garantir a comunicação das forças ucranianas, driblando as tentativas de sabotagem do invasor.

No entanto, ao tomar conhecimento da ofensiva ucraniana, Musk tomou uma decisão estratégica militar: ordenou a desativação dos satélites da Starlink, o que impossibilitou o ataque. O empresário temia que a explosão da frota naval russa levasse a um aumento do conflito, e sua decisão pode ter sido crucial para evitar uma escalada ainda maior.

Essa decisão de Musk levanta questionamentos sobre sua autoridade para tomar medidas militares. Afinal, quem é Elon Musk para decidir sobre ações de guerra? Essa é uma das questões abordadas no novo livro do biógrafo Walter Isaacson, que está sendo lançado globalmente nesta terça-feira, dia 12.

Ao longo das mais de 600 páginas do livro, Isaacson retrata Musk como um anarcocapitalista extremamente competitivo e perfeccionista, um pai presente fisicamente, mas emocionalmente ausente para seus dez filhos, incluindo uma filha transexual que renega o sobrenome da família. Musk é descrito como um workaholic messiânico, completamente focado em seus objetivos e com pouca empatia.

Isaacson, um experiente jornalista e historiador com trânsito nas altas esferas de poder nos Estados Unidos, retrata Musk como alguém que desenvolveu uma aura de alienígena, com sua missão de levar a humanidade a Marte como um desejo de voltar para casa.

Apesar das qualidades jornalísticas de Isaacson, o autor parece negligenciar alguns aspectos importantes da vida de Musk, como sua infância na África do Sul durante o apartheid. O livro também apresenta uma visão limitada das mulheres que interagem com Musk, retratando-as principalmente como termômetros de seu humor volátil.

Apesar disso, desde o início de sua carreira, Musk sempre afirmou buscar o avanço da humanidade como um todo. Ele se preocupa com questões abrangentes e tem uma visão utópica, inspirada pelo livro “O Guia do Mochileiro das Galáxias”.

No entanto, o livro também revela algumas contradições de Musk, como seu comportamento agressivo e violento verbalmente. Ele frequentemente entra em confronto com a casta empresarial e com a burocracia do Estado, se consolidando como um anti-herói da vida privada e um herói na esfera pública.

Uma de suas maiores ambições é tornar o ser humano uma espécie multiplanetária, com a colonização de Marte. No entanto, ele também se preocupa com o futuro da Terra, trabalhando para a transição energética. Apesar disso, ele é criticado por sua incapacidade de pensar em soluções coletivas e por promover a revolução a partir do carro elétrico de luxo da Tesla.

O livro de Isaacson tem uma narrativa rápida e direta, semelhante a uma narração esportiva. Isso permite que os aspectos técnicos sejam apresentados como um thriller e facilita a compreensão dos métodos de um empresário que, em meio à financeirização e desindustrialização, prospera produzindo.

Embora Isaacson reconheça o comportamento sociopata de Musk, ele insiste em pintá-lo como um gênio arquetípico da cultura self-made. O livro acaba por sacralizar a classe à qual Musk pertence, como se ela fosse a única capaz de oferecer soluções para os problemas do mundo.

No final das contas, Elon Musk é retratado como um capitalista inteligente e megalomaníaco, disposto a esmagar qualquer pessoa em seu caminho para alcançar o sucesso. Ele é um protagonista ambivalente, capaz de gerar admiração e repúdio ao mesmo tempo.

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