Brasil do Futuro: Os Desafios das Megatendências na Produtividade, Inclusão e Sustentabilidade

Do alto da escada ouvimos o barulho da madeira ranger e os ecos de cada passo, ressoam forte e persistente. Levando em consideração o atual cenário, é difícil manter o olhar enraizado no futuro quando as armadilhas do presente nos cercam por todos os lados. Essa é a realidade enfrentada por formuladores de políticas públicas, que muitas vezes se veem forçados a focar em questões urgentes e imediatas, deixando pouco espaço para se preparar para os desafios que virão a longo prazo.

O Banco Mundial lançou este mês a publicação “O Brasil do Futuro”, um estudo que adota uma visão de longo prazo em reconhecimento ao papel dos legados históricos na definição da configuração socioeconômica do Brasil de hoje. O estudo se propõe a identificar as megatendências que impedem a plena realização do Brasil do futuro, dentre elas, três se destacam.

A primeira delas é o risco iminente do envelhecimento da população brasileira antes do enriquecimento. A parcela de jovens no Brasil deve diminuir rapidamente, representando um declínio de 13% da população jovem nos próximos 20 anos. Isso terá impactos significativos nos mercados de trabalho e nos sistemas previdenciário, educacional e sanitário.

A segunda megatendência está relacionada às disrupções tecnológicas no mundo do trabalho. Apenas 4% dos brasileiros atuam em setores que já adotam tecnologias avançadas, um número muito abaixo dos benchmarks internacionais. As mudanças tecnológicas podem acelerar os ganhos de bem-estar se o acesso digital e as capacidades tecnológicas se tornarem mais acessíveis para todos, mas também podem agravar a desigualdade e a exclusão tecnológica se não evoluírem a um ritmo mais rápido.

Em relação à terceira megatendência, temos o impacto das mudanças climáticas nas famílias brasileiras. Cerca de 19% dos brasileiros residem em municípios considerados de alto risco ambiental, o que gera impactos para as famílias, a agricultura e a energia hidrelétrica, setores cruciais para a economia nacional.

Além disso, essas megatendências afetam as relações e a confiança entre os cidadãos e o Estado, fator fundamental para o planejamento futuro. A ausência de confiança resulta numa base fraca para investimentos, tanto em nível individual quanto para a sociedade em geral.

Dentro desse cenário, as políticas públicas devem buscar um equilíbrio entre o presente e o futuro para construir um círculo virtuoso duradouro rumo à produtividade, à inclusão e à sustentabilidade. É necessário reposicionar os debates políticos, que muitas vezes respondem apenas às exigências de grupos específicos em vez de planejar ganhos de longo prazo.

Com desafios e mudanças significativas no horizonte, é crucial que as políticas públicas e a sociedade como um todo estejam preparadas para enfrentar os obstáculos de longo prazo que virão. Este é um chamado para uma mudança de foco e estratégia que visa construir um futuro mais sólido e equitativo para o Brasil.

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