Mestra Gil: a voz feminina do Maracatu que lutou contra preconceitos e deixou legado de resistência e talento no Carnaval

Há duas décadas, o Maracatu Feminino Coração Nazareno tem sido uma presença marcante nas ruas de Nazaré da Mata, durante o tradicional Carnaval. Este grupo é único no estado de Pernambuco por ser composto exclusivamente por mulheres e tem sido liderado por Givanilda Maria da Silva, conhecida como Mestra Gil, durante mais de 15 anos de folia.

Mestra Gil foi pioneira no estado como mestra de maracatu rural, também conhecido como baque solto. Em 2005, ela assumiu a liderança do Coração Nazareno, fundado em 2004 pela Associação das Mulheres de Nazaré da Mata (Amunam), que até então era uma tradição predominantemente masculina.

Segundo a coordenadora da Amunam, Eliane Rodrigues, o maracatu das mulheres simboliza a resistência na luta contra a discriminação e o preconceito, conquistando espaços antes inéditos nos maracatus rurais.

Mestra Gil começou como bandeirista, mas logo demonstrou seu talento para o canto, sendo incentivada a se tornar mestra. Ela aprendeu a guiar as evoluções do maracatu, utilizando a bengala e o apito, em conformidade com a tradição.

À frente do grupo, Mestra Gil participou de gravações de CDs, com letras que abordam questões sociais e ambientais. Ela era uma mulher guerreira, que dominava todos os instrumentos de percussão e transmitia seus conhecimentos às demais integrantes, sempre com muita exigência e perfeccionismo.

Além de sua atuação no maracatu, Mestra Gil era uma figura ativa na comunidade, participando de festivais e carnavais pelo país, ganhando prêmios e sendo uma voz relevante em sua cidade natal, Nazaré da Mata.

Infelizmente, Mestra Gil faleceu no dia 16 de fevereiro, aos 54 anos, após lutar contra um câncer diagnosticado no ano anterior. Ela deixa um legado de resistência, dedicação à cultura popular e uma família constituída por filhos, netos e admiradores de seu trabalho.

A morte de Mestra Gil representa uma perda significativa para a comunidade do maracatu, que reconhece nela uma grande mestra e defensora da cultura popular pernambucana. Que seu legado continue a inspirar e fortalecer as mulheres no universo do maracatu e da cultura popular.

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