Guerra na cúpula do PCC em São Paulo pode alterar perfil da facção, apontam serviços de inteligência das forças de segurança

Forças de segurança de São Paulo estão monitorando um possível conflito entre membros da cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC), que, se confirmado, pode alterar significativamente o perfil da facção criminosa. De acordo com informações interceptadas pela polícia na semana passada, foi anunciada uma ordem para matar chefes da facção.

O possível conflito envolve de um lado o líder máximo do grupo, Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, e seus aliados, e do outro, três membros da ala mais radical da facção: Abel Pacheco de Andrade, Wanderson Nilton de Paula Lima e Roberto Soriano. Todos os envolvidos fazem parte da Sintonia Final, a hierarquia máxima da facção, de acordo com investigações.

A mensagem interceptada indicava a exclusão e ordem para matar Andrade, Lima e Soriano por calúnia e traição, acusando-os de conspirar contra Marcola devido a uma suposta delação às autoridades. De acordo com o monitoramento policial, o trio teria se unido contra Marcola alegando uma suposta delação que prejudicou Soriano em um julgamento em 2017. No entanto, o salve interceptado na semana passada afirmava que não houve delação por parte de Marcola e que a gravação usada no julgamento foi feita ilegalmente, sendo usada pelo Ministério Público para criar conflito entre os criminosos.

Por enquanto, a única ordem de morte que circula entre os criminosos é aquela em defesa de Marcola. As forças de inteligência acompanham os desdobramentos, uma vez que, mesmo estando todos os chefes em presídios federais, o conflito tem potencial para começar em São Paulo, onde residem familiares dos três presos. O histórico do PCC indica que conflitos internos podem resultar em violência extrema e mudanças significativas no perfil da organização criminosa.

Conflitos anteriores dentro da facção tiveram desdobramentos drásticos, como no final de 2002, quando Marcola entrou em conflito com outros membros da cúpula do PCC. A briga resultou em assassinatos de membros ligados aos líderes rivais e influenciou na mudança do perfil da organização criminosa. O temor das forças de segurança é que, caso Marcola seja destituído do comando, o PCC possa se tornar ainda mais violento, abandonando qualquer pretensão de caráter social para focar exclusivamente no tráfico internacional de drogas.

A reportagem tentou contato com a defesa de Marcola e com o Ministério Público Federal do Paraná para esclarecimentos sobre o caso, mas até o momento não obteve resposta.

Essa possível guerra interna no PCC levanta preocupações sobre o impacto que ela pode ter não apenas no mundo criminal, mas na segurança pública do estado de São Paulo e na região mais ampla em que o PCC atua. Os desdobramentos desse possível conflito são aguardados com apreensão pelas autoridades.

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