Lei Paulo Gustavo: Produções culturais do ABC aguardam repasse para início de obras, com destaque para projetos de negros e indígenas.

Produtores culturais do ABC estão ansiosos para receber o repasse financeiro fornecido pela Lei Paulo Gustavo e começar a criar novos projetos culturais na região. Ao todo, mais de 580 projetos já foram aprovados, sendo que aproximadamente 30% deles, ou 174 projetos, são liderados por indivíduos negros e/ou indígenas, em conformidade com as exigências do governo federal.

Entre esses projetos, destaca-se o documentário ‘Os trilhos de ferro nas terras Ca’aguassu’, liderado pela socióloga Silvia Monice Muiramomi, ativista e integrante do Conselho Municipal de Igualdade Social. O documentário abordará os relatos orais dos anciãos das terras indígenas, a narrativa da retomada do grupo Nhande vae’ate ABC a partir dos trilhos de ferro, além da história e trajetória do grupo a partir do Caminho de Ca’aguassu, território ancestral que se estende de Mogi das Crizes até Paranapiacaba.

O objetivo deste projeto é estabelecer a territorialidade étnica e resgatar a história ancestral dos povos indígenas na região e no município de Santo André, não apenas dos Guayaná-Muiramomi, mas de todos os povos migrantes que ali residem. A intenção é ampliar o entendimento da história ancestral do ponto de vista étnico-racial e desconstruir o paradigma de que existem indígenas apenas em territórios específicos. A socióloga Silvia ressalta que a luta dos povos indígenas é uma luta em defesa da Mãe Terra, visando também chamar a atenção para questões urgentes, como a emergência climática, o garimpo ilegal e a destruição da natureza.

Outro projeto aprovado em Santo André é o de José Eduardo Ferreira da Silva, babalorixá e responsável pelo projeto Educação de Axé. O trabalho consiste em um manual para ensinar sobre religiões de matriz africana, em especial o candomblé, com a intenção de distribuí-lo gratuitamente em toda a cidade e em escolas, faculdades e comunidades africanas.

Além disso, as sete cidades do ABC devem disponibilizar cerca de R$21 milhões para os projetos contemplados, que serão depositados para produtores culturais em datas diferentes em cada cidade. A expectativa é que esses recursos sejam acessíveis a partir do final de janeiro até a primeira quinzena de março, dependendo da situação de cada projeto e cidade. A cidade de São Bernardo, por exemplo, já publicou os projetos classificados para o repasse financeiro, mas ainda passarão por etapas de seleção até a aprovação final.

Esses projetos demonstram a diversidade e relevância cultural presente no ABC, além do importante papel que a Lei Paulo Gustavo desempenha ao apoiar e impulsionar iniciativas artísticas e culturais na região.

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