Segundo o educador ambiental e diretor do Araribá Jardim Botânico (AJB), Guaraci Diniz, a oferta limitada de mudas nativas em quantidade e variedade adequadas reduz a biodiversidade das áreas reflorestadas, o que pode comprometer a perpetuação da mata a longo prazo. Diniz destaca que muitos projetos atuais de reflorestamento estão mais preocupados em cumprir as leis ambientais e em garantir rápida cobertura vegetal, sem priorizar a biodiversidade de espécies.
Além disso, um viveirista de mudas nativas revela que a “lei do mercado” impera no setor, com espécies de difícil reprodução sendo preteridas em favor de espécies mais baratas, o que reduz a biodiversidade dos projetos de reflorestamento. A dificuldade de obter quantidade suficiente de mudas também é um desafio, especialmente para áreas extensas a serem recompostas.
Diante desse cenário, o Araribá Jardim Botânico está promovendo, em parceria com a ONG britânica Botanic Gardens Conservation International (BGCI), o segundo encontro internacional para a formulação do Padrão Global de Biodiversidade (GBS). O evento reunirá representantes de 15 países que enfrentam desafios semelhantes ao Brasil em relação à manutenção da biodiversidade de suas matas. O encontro contará com palestras, workshops e treinamentos sobre o tema, além de exercícios práticos e visitas a áreas de mata.
O BGCI, que idealizou e lançou a ideia do GBS em 2021, busca estabelecer um padrão internacional de biodiversidade para ambientes florestais em diversos biomas do planeta. A certificação GBS será destinada a projetos de reflorestamento que atendam aos critérios ambientais, sociais e de governança, com a perspectiva de lançamento ainda este ano.
No Brasil, o AJB é o parceiro do BGCI e está envolvido na definição dos critérios de manutenção da biodiversidade florestal. Há grande expectativa de que o “Padrão GBS” seja lançado ainda em 2023, e o evento internacional em Amparo (SP) contribuirá para avanços nesse sentido. Com a colaboração de instituições de renome internacional, como as citadas acima, o Brasil busca superar os desafios da recomposição florestal com espécies nativas e garantir a preservação da biodiversidade em seus biomas.