Brasil propõe zerar desmatamento ilegal até 2030 na COP28 em Dubai.

Na busca por se consolidar como um líder global na luta contra as mudanças climáticas, o Brasil apresenta o ambicioso objetivo de zerar o desmatamento ilegal no mundo até 2030 durante a COP28, conferência da ONU sobre questões ambientais. Essa meta já faz parte do compromisso brasileiro no Acordo de Paris, mas o Itamaraty, historicamente, mantinha uma posição contrária a intervenções internacionais na conservação do território.

O rascunho do texto em negociação, divulgado pela presidência da COP28, estabelece três opções para o compromisso. A primeira estabelece 2030 como prazo para combater e reverter o desmatamento, alinhando-se também com o novo marco global de biodiversidade aprovado pelos países no final do ano passado. A segunda opção enfatiza a importância dos recursos financeiros para implementar medidas de combate ao desmatamento, enquanto a terceira é mais genérica, convocando a comunidade internacional a apoiar a restauração de ecossistemas.

Essa diversidade de alternativas reflete a falta de consenso em torno do tema, com observadores das negociações apontando resistência à proposta entre os vizinhos amazônicos e outros países detentores de grandes florestas. No entanto, a virada de posicionamento do Brasil é atribuída à nova conjuntura criada pelo governo Lula, que modificou o cenário climático do país.

O compromisso em busca do desmatamento zero surge como uma estratégia para reagir aos movimentos da União Europeia, em um contexto de negociação do acordo comercial UE-Mercosul, legislação contra importação de desmatamento e taxa de carbono na fronteira. O Brasil busca garantir a conservação da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, e sinalizar aos países ricos que não precisariam implementar medidas mais duras.

No entanto, a mudança de postura do governo brasileiro também é marcada pelo interesse em abrir novas fontes de exploração de petróleo, como na região da Foz do Amazonas. Além disso, o Brasil propõe nas negociações da COP28 que o abandono da matriz fóssil seja iniciado pelos países desenvolvidos, enquanto os países em desenvolvimento possam manter o uso de fontes fósseis por um período maior.

Essa postura sinérgica com os planos do governo atual de estender a exploração petrolífera reflete a complexidade da posição brasileira na conferência, mostrando a balança entre o compromisso com a redução do desmatamento e a exploração de recursos naturais. Esse movimento do Brasil na COP28 representa uma mudança significativa em sua diplomacia ambiental e pode ter impactos importantes na forma como o país é visto internacionalmente no contexto das mudanças climáticas.

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