Deslizamentos em São Sebastião: Alertas ignorados resultam em tragédia com mais de 65 mortos e centenas de desalojados. Medidas preventivas são urgentes.

Na última terça-feira, 18 de fevereiro de 2023, a cidade de São Sebastião, situada no litoral norte de São Paulo, foi fortemente impactada por deslizamentos de terra causados por chuvas de volume sem precedentes. Com um total de 683 milímetros em menos de 15 horas, o volume de chuva foi mais do que o dobro da média mensal registrada na região.

Os deslizamentos resultaram em pelo menos 65 mortes e centenas de desalojados, além de grandes danos à infraestrutura da cidade. Estradas foram arrastadas ou bloqueadas, dificultando o transporte e a circulação de pessoas. O governo decretou estado de emergência no município devido à gravidade da situação.

Uma pesquisa recente publicada na revista científica Natural Hazards analisou esses deslizamentos e concluiu que, apesar dos avisos emitidos pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) nos dias anteriores ao desastre, o planejamento urbano e a resposta eficiente ainda não foram suficientes para mitigar as perdas.

O climatologista Jose Antonio Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden, ressaltou a importância de incorporar ações de prevenção em todas as etapas da cadeia, considerando a frequência cada vez maior de eventos climáticos extremos e a concentração habitacional em áreas vulneráveis.

O estudo também destacou a necessidade de um sistema de alerta local mais eficaz, que seja capaz de identificar o risco iminente, emitir alertas em tempo hábil e garantir que as populações vulneráveis recebam e ajam sobre as informações recebidas. Além disso, a pesquisa ressaltou a importância do planejamento urbano adequado e de infraestruturas que possam minimizar os impactos de desastres naturais.

Diante desse cenário alarmante, a Defesa Civil de São Sebastião foi procurada para comentar sobre as medidas adotadas diante dos deslizamentos de terra, no entanto, não se manifestou até o momento. De acordo com dados do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, o Brasil registrou cerca de 3.900 óbitos relacionados a desastres naturais entre 1991 e 2022, com danos totais estimados em R$ 27,12 bilhões.

Diante desse panorama preocupante, a pesquisa destaca a urgência de políticas públicas aprimoradas, comunicação eficaz e sistemas de alerta precoce mais eficientes para reduzir os riscos em áreas vulneráveis e salvar vidas em situações de desastres naturais. A população brasileira e os gestores públicos devem se conscientizar da real ameaça dos eventos climáticos extremos e agir de forma preventiva para minimizar os impactos desses desastres.

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