A Braskem desabrigou cerca de 60 mil pessoas em bairros como Mutange, Bom Parto, Bebedouro e Pinheiro, áreas que eram dinâmicas e vivas, com uma rica história e um forte repertório afetivo para grande parte dos maceioenses. Esses bairros eram locais onde havia empresas, igrejas muito frequentadas, comércio pujante e diversos serviços públicos e privados. A destruição dessas áreas é um golpe profundo na memória e na história da cidade.
Além disso, a tragédia afeta também áreas próximas, como o centro da cidade e o bairro do Farol, que convivem com o temor de serem atingidos pelo desastre. O afundamento do solo ameaça a destruição de parte do patrimônio histórico e afetivo dos maceioenses, incluindo locais emblemáticos como a capela do Farol, frequentada pelo cantor Djavan, e o estádio do CSA, importante time de futebol de Alagoas.
A perda de parte da história e da memória afetiva da cidade é um golpe profundo para os maceioenses, que assistem, impotentes, à destruição gradual de seu patrimônio imaterial. A tragédia continua a se desenrolar diante dos olhos da população, que se vê obrigada a seguir suas rotinas diárias enquanto testemunha a devastação de suas raízes culturais e emocionais.
Neste contexto, os moradores de Maceió estão longe de se sentirem “normais”. A perda de uma parte significativa de seu patrimônio histórico e afetivo é uma ferida profunda que afeta a identidade e o sentimento de pertencimento à cidade. A tragédia do afundamento do solo é muito mais do que uma questão ambiental e econômica, é também uma tragédia cultural e emocional que reconfigura a relação dos maceioenses com sua própria cidade.
