No entanto, uma série de estudos recentes divulgados nas últimas semanas indicam que as políticas e medidas implementadas até agora estão muito aquém do necessário. O relatório do “global stocktake”, feito pela UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), prevê um aumento de 2,4°C a 2,6°C na temperatura média global, a menos que as ações sejam intensificadas de forma significativa. Além disso, as emissões globais de gases de efeito estufa subiram 1,2% entre 2021 e 2022, chegando a um recorde equivalente a 57,4 gigatoneladas de dióxido de carbono.
Um dos principais desafios da COP28 será a discussão dos esforços necessários para frear o aquecimento global. Segundo o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), a produção de petróleo, gás e carvão em 2030 deve ser o dobro do permitido para cumprir o Acordo de Paris. Além disso, o Brasil é apontado como o oitavo maior produtor de petróleo no mundo e prevê um aumento significativo na produção de petróleo e gás nos próximos anos.
A análise dos setores da economia revela que apenas a porcentagem de veículos elétricos nas vendas de carros está num bom caminho para atingir a meta para 2030. Outros indicadores, como a redução no desmatamento, estão avançando na direção certa, mas em um ritmo insuficiente, enquanto outros estão totalmente na direção errada, como o desperdício de comida e o financiamento público para a produção de combustíveis fósseis.
Além disso, as mudanças climáticas combinadas com a ocorrência do El Niño têm levado a extremos de calor, tornando praticamente certo que 2023 será o ano mais quente em 125 mil anos. Este cenário coloca em xeque o cumprimento do Acordo de Paris e destaca a urgência de ações mais eficazes para frear a crise climática.
Outro desafio é o financiamento para a adaptação climática nos países em desenvolvimento, que caiu 15% em 2021. Isso mostra que os esforços para ajudar os países mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas estão estagnados, com uma lacuna de financiamento que está piorando a situação.
Diante desse cenário, a COP28 assume um papel crucial para reavaliar e intensificar os esforços globais para conter a crise climática e evitar um aumento desastroso na temperatura média global. A conferência em Dubai representa uma oportunidade para os países se comprometerem com medidas mais ambiciosas e eficazes, visando atingir as metas estabelecidas no Acordo de Paris e garantir um futuro sustentável para o planeta.