O cais, que foi o principal porto de desembarque de africanos escravizados nas Américas nos séculos 18 e 19, foi descoberto em 2011 durante as escavações para o projeto de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro, conhecido como o Porto Maravilha.
A Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, destacou a importância de preservar a memória do cais como um símbolo da luta contra a escravidão. Para ela, é essencial que as pessoas conheçam e compreendam a história do local para que o racismo estrutural que permeia a sociedade brasileira seja mitigado.
O Cais do Valongo faz parte de uma região conhecida como Pequena África, que tem uma história ligada à diáspora africana e abriga sítios importantes como o Cemitério dos Pretos Novos e a Pedra do Sal. Nesta semana, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou ações para preservação e valorização da memória e herança africanas na região.
Essas ações incluem um acordo de cooperação técnica com diversos órgãos do governo para a elaboração de um planejamento físico-espacial da região, visando a implantação de um distrito cultural nos próximos três anos. Além disso, foi anunciado o consórcio que gerirá o edital Viva Pequena África, responsável por fortalecer instituições culturais locais e criar uma rota turística conectada a roteiros de afroturismo.
Em relação à gestão do Cais do Valongo, o local foi desativado em 1831, após receber cerca de 1 milhão de escravos, e foi aterrado para a construção de um novo cais. Após ter sido redescoberto em 2011, o cais foi protegido pelo Iphan e tornou-se Patrimônio Mundial em 2017. No entanto, o comitê gestor, exigido pela Unesco, foi extinto em 2019 e recriado apenas em março deste ano.
A reabertura do Cais do Valongo representa não apenas a preservação de um importante sítio arqueológico, mas também um passo significativo na valorização da memória e herança africanas na cidade do Rio de Janeiro.