Relatório revela que 87,3% das mortes causadas pela polícia em 2022 foram de pessoas negras, mostra estudo da Rede de Observatórios da Segurança.

Em 2022, a cada 10 pessoas mortas pela polícia na Bahia, 9 eram negras. O mesmo padrão se repetiu no Pará. No Rio de Janeiro, estado com o segundo maior número de mortes causadas por forças de segurança, 54% das vítimas eram negras, enquanto em São Paulo, negros representaram 40% dos mortos. Esses dados são revelados em um relatório publicado pela Rede de Observatórios da Segurança intitulado “Pele Alvo: a bala não erra o negro”.

O levantamento considerou dados de oito estados brasileiros e constatou que, entre 3.171 registros com informações sobre cor ou raça, 87,3% das vítimas de letalidade policial eram negras. Esse dado é alarmante, considerando que pessoas pretas e pardas, segundo o IBGE, representam a soma de pessoas negras, ou seja, uma pessoa negra foi morta pela polícia a cada quatro horas no ano passado.

A coordenadora da Rede de Observatórios da Segurança, Silvia Ramos, ressalta a importância de criar políticas públicas para lidar com esse problema. Ela enfatiza que é necessário enxergar a letalidade de pessoas negras causada por policiais como uma questão política e social.

O relatório também destaca a proporção de pessoas negras mortas pela polícia em relação à participação delas na população. Na Bahia e no Pará, por exemplo, as vítimas representaram a maioria dos casos, mesmo diante de uma proporção menor do contingente demográfico. No Rio de Janeiro, onde a população negra representa 54,39%, a proporção de vítimas negras chega a 87%, o que evidencia um problema sério a ser enfrentado.

Os governos dos estados mencionados responderam de maneira diversa a esses dados alarmantes. Enquanto o governo de Helder Barbalho (Pará) destacou a queda de 22% no número de mortes causadas por agentes do estado, o governo de Cláudio Castro (Rio de Janeiro) afirmou que encaminhou ao Supremo Tribunal Federal um plano de redução da letalidade policial. Em São Paulo, a Secretaria da Segurança Pública da gestão Tarcísio de Freitas aponta que tem procurado reduzir a letalidade da Polícia Militar através de medidas como a criação de uma Divisão de Cidadania e Dignidade Humana.

A nível federal, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania anunciou a elaboração de um Programa Nacional para o Combate à Letalidade Policial. O Ministério da Justiça também ressaltou trabalhar na redução da letalidade policial, buscando enfrentar a morte de pessoas negras.

Tais dados e ações geram um alerta para a necessidade urgente de transformação nas políticas de segurança pública do país. A letalidade policial, especialmente contra negros, é um problema que não pode ser ignorado e requer medidas efetivas para sua redução.

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