ONGs brasileiras pedem na COP28 plano para eliminar combustíveis fósseis e imposto sobre lucros das petroleiras para combater mudanças climáticas.

Manifesto de ONGs brasileiras pede eliminação gradual dos combustíveis fósseis na COP28 da ONU

Um manifesto elaborado por 61 organizações não governamentais brasileiras, exigindo a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, foi lançado nesta quinta-feira (16). O documento pede que a conferência do clima da ONU (COP28) estabeleça prazos claros para a redução gradual da produção e demanda de carvão, gás e petróleo até 2050. Além disso, as ONGs pressionam pela criação de um imposto sobre os lucros inesperados das petroleiras, a ser revertido para ações de combate às mudanças climáticas nos países pobres e emergentes.

As instituições também argumentam que as nações ricas e petroestados deveriam ser os primeiros a abrir mão da exploração de petróleo, gás e carvão, e pagar um imposto global sobre lucros inesperados advindos dos fósseis. O valor arrecadado poderia fornecer apoio financeiro para os países pobres e em desenvolvimento no esforço de mitigação e adaptação às mudanças do clima.

Segundo os organizadores, os mais recentes estudos sobre emissões de fósseis no mundo mostram que sem um corte drástico na produção e na demanda não será possível cumprir o Acordo de Paris. “Só a queima do petróleo e do gás fóssil existentes nos campos hoje em produção responderia por 140% mais poluição climática do que o orçamento de carbono disponível para a limitação do aquecimento global em 1,5°C. E, se forem concretizados os planos de expansão da produção dos 20 países que mais emitem, esse orçamento seria extrapolado em 190%, ‘contratando’, assim, um aquecimento perigoso de mais de 2°C”, diz o documento.

Nicole de Oliveira, diretora-executiva do Instituto Arayara, destacou o discurso desenvolvimentista em torno do petróleo, afirmando que ele não reflete a realidade do Brasil e da América Latina. Um exemplo citado foi a cidade de Macaé, que é a capital da exploração do pré-sal e do petróleo no país. De acordo com ela, a cidade deveria ser rica e com todos os recursos disponíveis para a população, mas 40 mil pessoas vivem abaixo da linha da miséria e não possuem acesso a água.

Segundo o manifesto, o Brasil tem condições favoráveis para liderar a construção do acordo proposto devido às suas políticas de combate às mudanças climáticas. O país também terá a presidência do G20 no próximo período e organizará a COP30 em 2025, o que lhe dá a oportunidade de pautar a ambição global e liderar pelo exemplo.

Luiz Eduardo Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, ressaltou que o Brasil não precisa de combustíveis fósseis para a geração de energia elétrica, já que dispõe de outras fontes como usinas hidrelétricas, eólicas e solares. Ele se mostrou cético em relação à taxação dos lucros das petroleiras, afirmando que o problema não é de dinheiro, mas de vontade política e conscientização sobre as questões ambientais. Ele relembrou a obrigatoriedade de contratação de termelétricas movidas a gás incluída no projeto de privatização da Eletrobras, indicando um movimento contrário ao desejo de eliminação gradual dos combustíveis fósseis.

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