Melhorias na zeladoria de cemitério privatizado pela prefeitura são questionadas por frequentadora assídua.

Nos últimos meses, os cemitérios da cidade de São Paulo têm passado por um processo de concessão à iniciativa privada, e a população tem observado as mudanças nessa administração. Dona Graça Maria Alves, de 75 anos, frequentadora do cemitério São Luiz há mais de 50 anos, notou melhorias na zeladoria, mas mantém uma postura cautelosa.

Dona Graça afirma que o local já apresentou problemas de falta de manutenção, com mato alto e cheiro forte nos dias de calor. Além disso, em épocas de chuva intensa, as covas rasas resultavam na visão desagradável de ossos espalhados pelo cemitério. Ela reconhece que atualmente o local está mais bem cuidado, com capina regular e ampliação das covas, mas tem dúvidas se essa melhoria será mantida ao longo do ano.

A concessão dos 22 cemitérios da cidade à iniciativa privada ocorreu no início deste ano, por um período de 25 anos. Quatro consórcios privados venceram a licitação e assumiram a gestão, manutenção, exploração, revitalização e expansão desses espaços a partir de março. O objetivo da medida é melhorar a qualidade dos serviços e garantir uma administração mais eficiente.

No entanto, em junho, uma auditoria do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP) encontrou problemas nos cemitérios privatizados. Os auditores encontraram ossos não ensacados e sacos de ossos sem identificação, além de jazigos e túmulos abertos, o que representa um risco para os visitantes. Também foram constatados casos de ausência de vigilantes, falta de cerca elétrica ou concertina nos muros e grades, e buracos e lacunas em alguns cemitérios.

Esses problemas levaram os conselheiros do TCM-SP a emitirem um alerta para a prefeitura em setembro, após novas denúncias de descumprimento do contrato de concessão. Uma das questões abordadas no alerta foi a gratuidade de sepultamento para doadores de órgãos, que deve ser respeitada pelas concessionárias.

Diante desse cenário, ainda é cedo para afirmar se a concessão será realmente eficaz na melhoria dos serviços e na manutenção dos cemitérios ao longo do ano. Dona Graça, que tem dez parentes enterrados no cemitério São Luiz e visita o local regularmente para acender luz em homenagem a eles, demonstra esperança, mas também cautela em relação ao futuro do espaço.

É necessário que a prefeitura e as concessionárias tomem providências para solucionar os problemas identificados pela auditoria e garantir um serviço de qualidade, respeitando a gratuidade prevista em lei e garantindo a segurança dos visitantes. Somente com uma gestão eficiente e comprometida será possível transformar os cemitérios da cidade de São Paulo em lugares bem cuidados e reconfortantes para aqueles que vão prestar suas homenagens aos entes queridos.

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