Governo Lula busca expandir acordos comerciais do Mercosul com Índia e Emirados Árabes Unidos, visando diversificação e crescimento econômico

A possibilidade de expandir os acordos comerciais no âmbito do Mercosul está avançando dentro do governo brasileiro. Sob a presidência temporária do bloco, o governo Lula publicou uma consulta para discutir a possível ampliação do acordo entre o Mercosul e a Índia, que está em vigor desde 2009. Além disso, o Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) abriu um questionário para sondar empresários e a sociedade civil sobre um eventual acordo comercial do bloco com os Emirados Árabes Unidos.

Embora as parcerias com a União Europeia e Singapura sejam consideradas as prioridades atuais para o Mercosul, a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, destaca que há outras possibilidades que podem ser discutidas pela união aduaneira. Ela ressalta que a parceria com a Índia tem sido considerada limitada pelo governo brasileiro, cobrindo apenas cerca de 450 linhas tarifárias de um universo de 10 mil. A ideia é avaliar a possibilidade de ampliar o número de produtos incluídos no acordo.

A Índia, como o país mais populoso do mundo e parte dos Brics, apresenta uma economia robusta e em constante crescimento. Segundo Prazeres, é o momento oportuno para revisitar o acordo comercial entre o Mercosul e a Índia, pois há grande potencial para o mercado exportador brasileiro. A consulta pública tem como objetivo identificar setores que possam se beneficiar dessa parceria, como máquinas e equipamentos, alimentos e bebidas, além de analisar as barreiras sanitárias enfrentadas pelo setor privado.

No entanto, não há um prazo definido para levar uma proposta ao Mercosul. Antes disso, o Brasil precisa formar uma posição interna sobre a expansão do acordo. Mas o interesse existe tanto do lado brasileiro quanto do indiano, conforme indicado em uma reunião entre o MDIC e o secretário de Comércio da Índia, Sunil Barthwal.

Além da Índia, o MDIC também abriu consulta sobre um possível acordo comercial com os Emirados Árabes Unidos. O país do Golfo manifestou interesse em uma parceria abrangente com o Mercosul, e um acordo poderia favorecer investimentos e expandir e diversificar o comércio bilateral. No entanto, alguns setores, como o de produtos químicos, têm preocupações em relação a esse mercado.

No ano passado, o comércio entre Brasil e Emirados Árabes Unidos alcançou US$ 5,7 bilhões, um aumento de 75% em relação a 2020. As exportações brasileiras para o país do Golfo somaram US$ 3,2 bilhões, enquanto as importações foram de US$ 2,5 bilhões. Atualmente, os produtos mais exportados pelo Brasil para os Emirados Árabes Unidos são carne de aves, açúcar e carne bovina.

O MDIC acredita que há potencial para pelo menos dobrar o comércio de bens entre Índia e Brasil até 2030, com a diversificação de produtos. No entanto, a expansão dos acordos comerciais dependerá de uma posição interna do Brasil e das negociações entre os países do Mercosul.

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