Os indígenas estavam tentando evitar o fechamento da barragem de José Boiteux, determinado pelo governador Jorginho Mello (PL) como medida para conter as enchentes causadas pelas fortes chuvas que atingem o estado. O fechamento da barragem estava agendado para domingo, após um acordo com o povo xokleng no sábado. No entanto, os indígenas alegam que as contrapartidas prometidas pelo governo não foram cumpridas.
O objetivo do fechamento das comportas é represar parte da água do rio Itajaí-Açu, reduzindo os alagamentos em Blumenau, a principal cidade da região. No entanto, a medida representa um risco para a terra indígena, colocando em perigo a vida das pessoas que vivem lá. O governo estadual havia prometido providenciar botes, cestas básicas e outras medidas de segurança para proteger os indígenas em caso de alagamento na região, mas essas medidas não foram implementadas, de acordo com o Ministério dos Povos Indígenas.
Até o momento, o governo não se pronunciou sobre o ocorrido e o cumprimento das contrapartidas. Os dois indígenas feridos foram levados ao Hospital Dr. Waldomiro Colautti, em Ibirama, e ainda não há informações sobre o estado de saúde deles.
Lideranças indígenas afirmam que outros três xokleng também foram feridos no confronto. O Ministério dos Povos Indígenas solicitou o acompanhamento da Polícia Federal e da Funai para avaliar a situação do povo xokleng. Representantes da Advocacia Geral da União também estavam a caminho da região.
A situação em Santa Catarina é crítica devido às fortes chuvas, que já resultaram em duas mortes. Pelo menos 120 cidades foram afetadas pelas cheias e 54 decretaram estado de emergência. Diante desse cenário, o governador Jorginho Mello considerou necessário fechar a barragem de José Boiteux, além da barragem de Ituporanga, também no vale do Itajaí.
Após o confronto na terra indígena, o cacique Setembrino Camlem expressou seu cansaço em negociar com o governo, alegando que os acordos não são cumpridos. O Conselho Indígena Missionário (CIMI) repudiou o confronto na terra indígena e criticou a forma como o estado está lidando com a situação. O conselho questiona a existência de laudos técnicos que comprovem a segurança da operação de fechamento das comportas.
Diante da gravidade da situação, uma força-tarefa, composta pelo Exército e Corpo de Bombeiros, está acompanhando as ocorrências causadas pelas chuvas. Estradas foram interditadas devido a deslizamentos de terra e alagamentos. A região mais afetada pelas cheias é o vale do Itajaí, juntamente com o Planalto Norte, Oeste e áreas de divisa com o Rio Grande do Sul.
