O descontentamento dos oficiais não está relacionado à transferência em si, já que isso é algo inerente à função. O problema reside na forma como ocorreu a movimentação, que foi considerada desrespeitosa, indicando uma possível perseguição pessoal por parte de Derrite.
O mal-estar entre os oficiais é amplificado pelo perfil dos coronéis transferidos, Hudson Covolan e Marcos de Paula Barreto, que são considerados profissionais exemplares por seus colegas. Portanto, não há justificativa técnica para suas transferências por “conveniência do serviço”.
Em resposta, o governo declarou que reconhece e valoriza o trabalho dos policiais e que as transferências são realizadas com base em critérios técnicos. No entanto, segundo os oficiais, os coronéis Covolan e de Paula só ficaram sabendo das mudanças através do Diário Oficial. Essa falta de diálogo é considerada inadmissível, pois coloca todos os outros oficiais como possíveis alvos.
A suposta motivação para essas transferências seria devido a críticas feitas pelos coronéis em relação à falta de preparo de Derrite para o cargo de secretário da Segurança. Essas críticas teriam chegado ao conhecimento do secretário, que, irritado, teria determinado as transferências. O comandante-geral, coronel Cássio, teria defendido a permanência dos dois colegas, destacando o bom trabalho que realizavam e a possibilidade de crise.
Essas transferências estão sendo atribuídas a Derrite, e não ao governador Tarcísio de Freitas, embora tenham sido assinadas por ele. Os oficiais consideram que essa é uma questão pessoal do secretário e não houve critérios claros para as movimentações.
A insatisfação dos oficiais com Derrite vem desde o anúncio de sua nomeação para o cargo, no final do ano passado. Eles o veem como um tenente, uma das classes mais baixas do oficialato, e questionam sua falta de preparo para liderar a PM. Além disso, citam o grande número de mortes em serviço e punições em seu currículo, o que os faz temer possíveis represálias.
Hudson Covolan, um dos coronéis transferidos, está na Polícia Militar desde 1988 e já ocupou diversos cargos importantes na corporação. Sua transferência para uma região distante, assim como a de Marcos de Paula Barreto, causou repercussão negativa entre a população e políticos de Bauru.
A crise entre Derrite e os oficiais superiores da PM de São Paulo tem se agravado nos últimos meses, principalmente após a Operação Escudo, na Baixada Santista, que foi considerada um desastre para a imagem da instituição e para a política de redução da letalidade policial.
Diante desse cenário, a permanência de Derrite como secretário da Segurança está cada vez mais questionada, enquanto a cúpula da PM lamenta as possíveis perdas de nomes importantes do coronelato. Resta aguardar como essa crise será solucionada e quais serão as consequências para a segurança pública do estado de São Paulo.