Em seu depoimento, o soldado acusou o proprietário da oficina de ter usado seu veículo, que estava no local para reparos, para armazenar os entorpecentes. Por outro lado, o dono da oficina alega que o militar ofereceu um dos tijolos de maconha como forma de pagamento para que o veículo fosse escondido no estabelecimento.
Embora não estivesse presente no momento da apreensão, o policial teve sua prisão em flagrante convertida em prisão preventiva e foi encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo. O dono da oficina também permanece detido.
Segundo informações apuradas pela Folha, a denúncia que levou à prisão do policial partiu de um integrante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), unidade tática da Polícia Militar. O militar atua no 13º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento na região central e nas ruas ocupadas pela cracolândia. Além disso, ele é o motorista do carro oficial do tenente-coronel também investigado pela Polícia Civil.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) foi questionada sobre o envolvimento do PM com o tráfico de drogas na cracolândia, mas informou que os detalhes serão preservados devido ao sigilo de Justiça. A Pasta também não se pronunciou a respeito da investigação envolvendo o tenente-coronel do 13º BPMM, nem comentou sobre a denúncia ter partido de um integrante da Rota.
A reportagem tentou entrar em contato com a oficina mecânica, porém não obteve sucesso. O número de telefone registrado no estabelecimento não existe e outro número encontrado na internet direciona para um escritório de contabilidade. A defesa do policial militar também não foi encontrada, devido ao sigilo do processo.
A Ouvidoria da Polícia de São Paulo informou que abriu um procedimento para acompanhar o caso e afirmou que atuará com firmeza para que a verdade seja esclarecida à sociedade. O Comando de Policiamento de Área Metropolitano 1 também investigou o caso e não encontrou indícios de envolvimento do comandante da unidade com as drogas encontradas.
A Polícia Militar voltou a atuar com maior destaque na cracolândia no início deste ano, após a troca de comando do governo estadual. Essa mudança ocorreu juntamente com a alteração do delegado responsável pelas operações na região, que, anteriormente, eram conduzidas pela Polícia Civil e pela Guarda Civil Metropolitana.