Crise humanitária causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul pode agravar a criminalidade a longo prazo, alertam especialistas.

A crise humanitária desencadeada pelas enchentes no Rio Grande do Sul não apenas trouxe consequências sociais devastadoras, mas também abriu espaço para um aumento preocupante na criminalidade. Os saques a residências abandonadas, os furtos de alimentos destinados às vítimas e os episódios de violência dentro dos abrigos temporários são apenas alguns dos reflexos dessa situação desoladora.

Especialistas em segurança pública alertam que o cenário pode se agravar ainda mais a longo prazo, baseando-se em experiências anteriores, como a passagem do furacão Katrina pelos Estados Unidos em 2005. Os deslocamentos em massa de pessoas desabrigadas, os prejuízos econômicos incalculáveis, o aumento do desemprego e a interrupção do acesso à educação são fatores que contribuem para o aumento da criminalidade após desastres naturais.

No caso específico do Rio Grande do Sul, a presença de facções criminosas no estado também foi afetada pelas intempéries climáticas, podendo intensificar a atuação desses grupos em busca de compensação financeira por meio de novos delitos. A disputa por território entre facções rivais pode se intensificar com as mudanças decorrentes das enchentes.

O professor Rodrigo Azevedo, da PUC-RS, ressalta que facções criminosas, como Os Manos, têm sido identificadas como responsáveis por saques durante as enchentes. A Ação da polícia gaúcha resultou em uma redução dos casos de furto após o aumento do patrulhamento em áreas afetadas.

É importante ressaltar que, apesar da tendência de queda na violência no estado nos últimos anos, o aumento dos crimes em 2022, impulsionado pela disputa entre facções criminosas, evidencia a fragilidade da segurança pública diante de situações adversas como as enchentes.

A construção de “cidades temporárias” para os desabrigados preocupa especialistas, que veem nessa medida um potencial aumento da violência doméstica e abuso sexual, especialmente contra grupos vulneráveis. O impacto dos desastres climáticos na sociedade vai além dos danos materiais, afetando a saúde mental, a educação e a segurança das comunidades atingidas.

Diante desse cenário, é fundamental que as autoridades tomem medidas preventivas e ofereçam suporte às vítimas para mitigar os danos e evitar um agravamento da criminalidade. A população afetada precisa de atenção e cuidado para superar os desafios impostos pelas enchentes e reconstruir suas vidas de forma segura e digna.

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