O desafio da integração e desmarginalização do negro brasileiro segundo Clóvis Moura em sua obra “Dialética Radical do Brasil Negro”.

No seu livro mais importante, intitulado “Dialética Radical do Brasil Negro”, o renomado intelectual Clóvis Moura aborda questões fundamentais sobre a condição do negro brasileiro na sociedade. Segundo Moura, o problema enfrentado pelos negros vai além do racismo que ainda persiste, sendo também uma questão de integração social, econômica, cultural e psicológica, necessária para a desmarginalização do cidadão negro.

Ao analisar o contexto histórico do centenário da Abolição no Brasil, Moura critica a falta de ação das entidades negras em relação à democratização da sociedade brasileira. Ele aponta a necessidade política de fragmentação da grande propriedade fundiária como um caminho para integrar milhões de negros marginalizados.

Em seu livro lançado em 1994, Clóvis Moura também faz críticas ao movimento negro que, na época, focava apenas na competição dentro do mercado capitalista em busca de igualdade de oportunidades, sem questionar as estruturas do capitalismo dependente brasileiro. Essas críticas ressoam até os dias atuais, sendo observadas na abordagem do Projeto Querino em relação à luta pela igualdade racial no Brasil.

No podcast, a perspectiva política apresentada por Tiago Rogero evidencia uma busca por uma democracia de fato, livre de racismo e com igualdade de oportunidades. No entanto, como apontado pelo texto, essa busca não aborda questões estruturais como a propriedade e a classe dominante, limitando suas possibilidades de transformação efetiva da realidade social brasileira.

Além disso, é notável a ausência de referências a correntes teórico-políticas importantes na história do Brasil, como o nacionalismo trabalhista e o comunismo, o que levanta questionamentos sobre a abrangência e profundidade das análises apresentadas.

Em suma, o Projeto Querino se destaca como uma importante contribuição para o debate sobre a questão racial no Brasil, mas também levanta reflexões sobre as limitações políticas presentes nas abordagens majoritárias do movimento negro. A necessidade de enfrentar as estruturas do capitalismo, do racismo e da desigualdade de forma mais abrangente e profunda permanece como um desafio fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

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