Israel permite entrada de suprimentos em Gaza após visita de Biden, mas questão humanitária ainda não está resolvida

Após a visita do presidente norte-americano Joe Biden a Israel, o governo de Benjamin Netanyahu anunciou que permitirá a entrada de caminhões com suprimentos em Gaza. No entanto, essa ajuda humanitária não chegará pelo lado israelense, mas sim pela fronteira do Egito com a Faixa de Gaza. Essa é uma resposta parcial às solicitações do Brasil, que defendeu a necessidade de provisão contínua e suficiente de bens e serviços à população civil em Gaza.

Embora Gaza seja predominantemente habitada por palestinos, Israel controla o que entra e sai do território. O acordo atualmente em vigor prevê a entrada de alimentos, água e medicamentos, desde que não sejam destinados aos integrantes do Hamas, que governa a região.

O Brasil enviou kits contendo esses itens básicos, além de 40 purificadores de água, devido à escassez de água potável em Gaza. A usina responsável por purificar a água para milhões de pessoas está sem energia para funcionar. No entanto, até o momento, a lista de materiais autorizados não inclui combustível.

É importante destacar que essa liberação de suprimentos não significa que pessoas também terão permissão para atravessar a fronteira. Um grupo de 26 brasileiros aguarda há dias para poder cruzar a fronteira, em uma negociação que ainda não possui data para ser concluída. Além disso, a autorização de entrada de ajuda humanitária também não representa um avanço real na resolução dos ataques em curso.

O chanceler Mauro Vieira reconheceu que há um risco iminente de ampliação do conflito na região. Essa possibilidade de transbordamento do conflito para países próximos, como também para as diásporas palestina, israelense e libanesa em todo o mundo, traria consequências terríveis a nível internacional. Vieira espera que haja contenção, mas acredita que o conflito ainda será longo.

De acordo com o pesquisador internacional Gustavo Blum, a situação na região depende de vários fatores, incluindo os objetivos de Israel na parte ocupada pelos palestinos e a política interna do país. O governo de Benjamin Netanyahu encontra-se acuado e dependente de partidos de extrema direita que defendem a ocupação ilegal de territórios palestinos. Netanyahu tem apostado nesses grupos, que crescem demograficamente mais rápido que os judeus laicos, para fortalecer sua base territorial.

Blum ainda comenta que a dinâmica do conflito sugere que o governo israelense deseja transferir a população palestina de Gaza para o Egito, mais especificamente para a Península do Sinai. No entanto, tal medida vai contra a posição do presidente egípcio, que já se manifestou publicamente contra essa proposta. Essa transferência forçada configura um crime contra a humanidade. Além disso, Israel não divulga qual seria seu plano posterior à possível eliminação do Hamas, e já se especula a expansão do conflito para outras regiões, como partes do Líbano.

A situação em Gaza continua preocupante, e é necessário que se encontre uma solução que garanta a segurança e a dignidade da população civil afetada pelo conflito. O mundo acompanha atentamente os desdobramentos dessa crise e espera-se que haja um esforço internacional para promover a paz e a justiça na região.

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