Os indígenas estavam protestando contra o fechamento da barragem de José Boiteux, determinado pelo governador Jorginho Mello, do Partido Liberal (PL), como medida para conter as enchentes causadas pelas fortes chuvas na região. O fechamento da barragem, desativada há dez anos, havia sido acordado com o povo xokleng no sábado (7) e estava programado para ocorrer no domingo. No entanto, os indígenas alegaram que as contrapartidas prometidas pelo governo não foram cumpridas.
A barragem tem a função de represar parte da água do rio Itajaí-Açu, o que auxilia na redução dos alagamentos em Blumenau, principal cidade da região que já decretou estado de emergência devido às chuvas. No entanto, o fechamento da barragem pode inundar a terra indígena e deixar os moradores ilhados. O governo estadual havia prometido fornecer botes, cestas básicas e outras medidas de segurança para proteger os indígenas em caso de alagamento, mas essas promessas não foram cumpridas, segundo o Ministério dos Povos Indígenas.
Até o momento, o governo não se pronunciou sobre o confronto e o cumprimento das contrapartidas. Os indígenas feridos foram levados para o Hospital Doutor Waldomiro Colautti, em Ibirama, e ainda não há informações sobre seu estado de saúde. Lideranças indígenas afirmam que outros três xokleng também foram feridos no confronto.
Desde o início da semana, Santa Catarina tem enfrentado fortes chuvas, resultando em alagamentos e deslizamentos de terra em várias cidades do estado. Ao menos 120 cidades foram afetadas, com 54 delas decretando estado de emergência. Diante dessa situação, o governador Jorginho Mello enfatizou a necessidade de fechar a barragem de José Boiteux e de outra barragem em Ituporanga, também no vale do Itajaí.
Após o confronto na terra indígena, o cacique Setembrino Camlem expressou seu cansaço em negociar com o governo, visto que o que foi acordado até o momento não foi cumprido. O Ministério dos Povos Indígenas acionou a Polícia Federal e a Fundação Nacional do Índio (Funai) para acompanhar a situação do povo xokleng. O Conselho Indígena Missionário (CIMI) também repudiou o confronto e criticou a forma como o estado tem lidado com a questão.
Além disso, desde o início da semana, a Defesa Civil de Santa Catarina registrou duas mortes em decorrência dos temporais. Os municípios mais prejudicados estão localizados nas regiões do vale do Itajaí, Planalto Norte, Oeste e áreas de divisa com o Rio Grande do Sul. Devido ao alto volume de chuva, diversos rios estão com enxurradas e há ocorrências de inundações em várias regiões do estado. A situação levou à interdição de dezenas de estradas e mobilizou uma força-tarefa com o Exército e o Corpo de Bombeiros para o resgate de vítimas.
