Além disso, há também muitas “mãos invisíveis” e poderosas que podem desempenhar um papel fundamental na criação da chamada “ordem libertária espontânea”. Este conceito, descrito pelo economista Milei, é semelhante à ordem defendida pelo neoliberalismo há décadas.
No contexto político da Argentina, especialmente com a ascensão de Milei, é possível que uma parte significativa dos eleitores que o apoiaram nas urnas comecem a discordar de suas políticas. Este fenômeno, embora possa parecer utópico inicialmente, não é tão incomum quanto se imagina. O presidente, por sua vez, deve estar ciente de que sua base de apoio é mais volátil do que ele pode pensar. Ela pode oscilar entre apoiá-lo e se opor a ele, dependendo das circunstâncias.
O fim da fidelidade partidária também permitiu que alguém como Milei chegasse à presidência, mas pode ser também a causa de uma possível perda rápida de suporte, se ele não resolver os problemas diários das pessoas. As necessidades da população não têm paciência, e a capacidade do presidente em lidar com essas necessidades pode afetar sua permanência no poder.
Se Milei pretende vencer a batalha política e cultural, ele deve ter em mente que não pode simplesmente continuar a fazer campanha como se nada tivesse acontecido. Comunicação, diagnósticos falsos e propostas genéricas não serão suficientes. As ideias precisam ser embasadas em fatos e é preciso considerar suas consequências.
Milei pode ser um PhD em economia e um especialista em economia pública, desenvolvimento e economia global, mas a política vai muito além de conhecimento técnico. É uma questão de lidar com as necessidades reais das pessoas e construir uma base de apoio consistente.
Em última análise, não é apenas sobre teorias econômicas ou ideologias, mas sim sobre como essas ideias se traduzem em ações que afetam a vida cotidiana das pessoas. Este é o desafio que Milei e qualquer líder político enfrenta, e é aí que reside a verdadeira batalha pela liderança e pelo apoio da população.