Empresário mato-grossense Argino Bedin é acusado de financiar atos antidemocráticos durante depoimento à CPMI.

O empresário Argino Bedin, sócio de fazendas de soja e acusado de financiar atos antidemocráticos, compareceu à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) nesta terça-feira (3) para prestar depoimento. Bedin optou por permanecer calado durante a maior parte da sessão, alegando seu direito à autoincriminação. Ele havia entrado com um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal para não comparecer à CPMI, porém o ministro Dias Toffoli permitiu que ele não respondesse apenas às perguntas que o incriminassem.

Durante o depoimento, Bedin respondeu a algumas perguntas dos parlamentares. Ao ser questionado pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) sobre seu parentesco com pessoas envolvidas em bloqueios de rodovias após as eleições de 2022, o empresário confirmou o grau de parentesco. Ele também afirmou empregar 100 pessoas em seus negócios, ao responder ao deputado Delegado Ramagem (PL-RJ). Já em resposta à senadora Soraia Thronicke (Podemos-MS), Bedin se declarou inocente e negou estar sofrendo qualquer tipo de intimidação.

No entanto, quando a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), questionou quantos caminhões de propriedade de sua família bloquearam rodovias e participaram dos protestos em Brasília, Bedin optou por não responder. A senadora apresentou um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que indicava a participação de 272 caminhões nos bloqueios, sendo 72 de Sorriso, cidade em que Bedin reside, e 16 pertencentes a ele ou a familiares. Eliziane Gama também exibiu vídeos mostrando crianças impedidas de receber atendimento médico de emergência, devido aos bloqueios, e manifestantes armados.

O deputado Carlos Veras (PT-PE), um dos responsáveis pela convocação de Bedin, afirmou que o empresário só estava presente na reunião porque a democracia havia vencido. Veras ainda ressaltou que Bedin financiou campanhas políticas e recebeu recursos públicos para suas empresas, utilizando os lucros obtidos para financiar atentados contra a democracia.

Durante a sessão, deputados da oposição elogiaram a trajetória empresarial de Bedin. O deputado Filipe Barros (PL-PR) afirmou que ele não pode ser responsabilizado pelos atos de 8 de janeiro e ressaltou que Bedin é um empresário de sucesso e orgulho para o país.

Por 14 votos a 10, os integrantes da CPMI rejeitaram a convocação de comandantes da Força Nacional, que têm sido alvo de críticas por parte de parlamentares da oposição devido à sua atuação durante os ataques aos prédios públicos. O presidente da comissão, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), considerava importante que o comando da Força Nacional desse seu depoimento.

Além disso, Arthur Maia apresentou uma sugestão de acordo de procedimentos para a votação do relatório final da CPMI. O acordo prevê o compromisso de não haver requerimentos para o encerramento da discussão. A leitura do relatório está marcada para o dia 17, e a oposição planeja apresentar um voto em separado.

O próximo depoimento a ser realizado pela CPMI será o do subtenente Beroaldo Freitas Júnior, do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal, que atuou na contenção dos manifestantes em 8 de janeiro. Não estão previstas reuniões da comissão na semana seguinte.

Durante a reunião, deputados aliados ao governo e de oposição também comentaram a decisão do ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, que suspendeu a quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, que havia sido determinada pela CPMI.

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