Incerteza na indústria da erva-mate na Argentina com mudanças nas políticas econômicas do governo.

No nordeste da Argentina, na província de Misiones, milhões de pessoas têm no chá amargo da erva mate uma tradição cotidiana. Esta erva, que faz parte da cultura do país, é colhida por trabalhadores conhecidos como “tareferos”, que trabalham nas florestas da região há décadas. Eles cortam as folhas duras da erva, que são usadas para fazer o mate consumido em toda a Argentina, além de países como Brasil, Paraguai, Uruguai e outros mais distantes.

Os tareferos são pagos por peso, o que significa que a cada dia precisam lidar com a difícil tarefa de cortar uma quantidade significativa de folhas para garantir sua remuneração. Além do trabalho árduo, esses trabalhadores também consomem o mate durante os intervalos, utilizando a cafeína da bebida para se manterem energizados ao longo do dia.

No entanto, o setor produtivo da erva mate está enfrentando incertezas devido às medidas financeiras adotadas pelo presidente libertário Javier Milei. Ele pretende eliminar os controles de preços e outras regulações que afetam diversos segmentos do mercado, incluindo a produção de erva mate. Isso preocupa os pequenos produtores, que temem não conseguirem concorrer com as grandes empresas caso os preços sejam desregulamentados.

Julio Petterson, produtor de erva mate do vilarejo de Andresito, teme que a história se repita, fazendo alusão à década de 1990, quando políticas liberais semelhantes causaram sérios prejuízos aos pequenos produtores. As consequências econômicas dessas medidas também são vistas pelos trabalhadores, que se preparam para possíveis demissões em massa caso as regulamentações sejam eliminadas.

Antonio Pereyra Ramos, que supervisiona 18 trabalhadores, ressalta a preocupação dos tareferos com a crise econômica que poderá advir da desregulamentação dos preços. O impacto social e econômico dessas medidas pode ser devastador para as comunidades que dependem da produção da erva mate para sua subsistência.

Nesse contexto de incertezas, é fundamental que o governo argentino encontre um equilíbrio entre as políticas econômicas e a sustentabilidade do setor produtivo da erva mate, garantindo a continuidade dessa tradição cultural e o sustento dos trabalhadores envolvidos na produção dessa importante commodity regional.

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