Clodesmidt Riani: a trajetória de um líder sindical frente à ditadura militar no Brasil

Na madrugada do dia 1º de abril de 1964, em pleno início da Ditadura Militar no Brasil, o deputado estadual Clodesmidt Riani, do PTB, foi preso pelo Exército juntamente com outros dois parlamentares mineiros, Sinval Bambirra e José Gomes Pimenta, conhecido como Dazinho. Esses três homens foram os primeiros presos do regime, documentados pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) como “agitadores comunistas”.

Naquela época conturbada, Clodesmidt já estava em seu terceiro mandato como deputado e era próximo do então presidente deposto, João Goulart. Além disso, ele já era reconhecido por sua atuação em defesa dos trabalhadores, iniciada na década de 1950 em Juiz de Fora, onde se destacou como representante dos trabalhadores da antiga Companhia Mineira de Eletricidade.

Ao longo de sua trajetória, Clodesmidt também foi representante do Brasil na Organização Internacional do Trabalho (OIT), presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) e do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT). Foi durante sua liderança do CGT que ocorreu o golpe militar em março de 1964.

Após ser cassado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Clodesmidt foi preso, torturado e condenado a 17 anos de reclusão, embora tenha tido sua pena posteriormente reduzida para um ano e dois meses. Ele acabou cumprindo cinco anos e oito meses, sendo libertado em março de 1971.

Em 1982, com o início da redemocratização do país, Clodesmidt Riani retornou à vida política ao se eleger novamente como deputado estadual, cumprindo seu quarto mandato. Em 1994, a ALMG reconheceu que a cassação do mandato de Riani, Dazinho e Bambirra foi motivada por questões políticas e ideológicas, concedendo-lhes uma pensão especial referente ao período que ainda teriam de cumprir de seus mandatos durante a ditadura.

A vida de Clodesmidt foi marcada pela luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e sua atuação sindical. Em 2005, ele recebeu o título de professor honoris causa da Universidade Federal de Juiz de Fora em reconhecimento a sua contribuição. A morte de Clodesmidt Riani aos 103 anos, no dia 4 de abril de 2024, foi lamentada pelo ex-presidente Lula, que ressaltou sua importância na conquista do 13º salário e sua luta pela democracia.

Clodesmidt deixa um legado de oito filhos, 18 netos e 23 bisnetos, tendo sido um exemplo de generosidade e persistência em sua vida pessoal e política. Sua importância como líder sindical e defensor dos trabalhadores jamais será esquecida.

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