CCJ da Câmara dos Deputados aprova projeto que autoriza estados a legislar sobre posse e porte de armas de fogo

Na tarde de hoje, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, por uma estreita margem de 34 votos a favor e 30 contra, um projeto de lei complementar que visa autorizar estados e o Distrito Federal a legislarem sobre a posse e porte de armas de fogo para defesa pessoal, práticas esportivas e controle de espécies exóticas invasoras.

A proposta, apresentada pela deputada Caroline de Toni (PL-SC), ainda aguarda análise do Plenário da Câmara para ser efetivamente implementada. Um dos pontos-chave do projeto é que as autorizações concedidas terão validade regional e serão destinadas apenas a pessoas com residência comprovada no estado em questão.

O relator do projeto, Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), demonstrou apoio à medida e ao substitutivo proposto pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Ele ressaltou a importância de os estados possuírem autonomia para legislar sobre o acesso às armas de fogo, levando em consideração as particularidades regionais do país.

Por outro lado, o deputado Patrus Ananias (PT-MG) apresentou um voto em separado argumentando a inconstitucionalidade da proposta. Ele ressaltou que, embora os estados tenham certa margem de atuação em relação à legislação federal sobre armas de fogo, é crucial respeitar os limites estabelecidos pelo Estatuto do Desarmamento.

A discussão gerou grande polêmica na CCJ, com mais de 20 deputados debatendo a questão por diversas horas. Enquanto alguns parlamentares defendiam o direito dos cidadãos de se armarem para defesa pessoal, outros apontavam que o aumento da circulação de armas poderia resultar em mais violência, principalmente contra as mulheres.

O embate jurídico também foi evidenciado durante as discussões, com o deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA) argumentando que a competência para legislar sobre armas de fogo é exclusiva da União, e que os estados só podem complementar a legislação federal, não divergir dela.

É importante ressaltar que a constitucionalidade do projeto ainda é questionável e pode ser alvo de contestação no Supremo Tribunal Federal (STF), como indicado por alguns dos deputados contrários à proposta. Todo esse debate reflete a complexidade e sensibilidade do tema do controle de armas de fogo no país.

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