A ideia de que apenas os seres humanos possuem faculdades mentais como razão, consciência e sonhos era uma crença arraigada no século 20. No entanto, com avanços na pesquisa científica e na compreensão do comportamento animal, essa noção está sendo questionada. Segundo a Declaração de Nova York, há bases científicas sólidas para atribuir experiência consciente a outros mamíferos e aves, e evidências empíricas indicam a possibilidade realista de haver experiência consciente em todos os vertebrados, incluindo répteis, anfíbios e peixes.
A importância dessa discussão vai além do campo teórico, pois os signatários da declaração alertam para a necessidade de considerar a possibilidade de experiência consciente em animais ao tomar decisões que possam afetá-los. Isso implica em garantir o bem-estar dos animais e utilizar evidências científicas para embasar escolhas que envolvam riscos para eles.
Um dos pontos levantados pela declaração é a distinção entre a consciência fenomenal, ou senciência, e a consciência mediada por palavras e conceitos abstratos típica dos humanos. O debate agora se expande para questões como o sono das moscas-da-fruta, que estudos recentes demonstraram ter semelhanças com o sono humano, incluindo a presença de atividade cognitiva.
A mudança de paradigma em relação à consciência animal desafia a visão tradicional de superioridade humana no reino animal. A ciência está revelando cada vez mais a complexidade e diversidade das formas de consciência presentes em diferentes espécies. Talvez um dia até plantas e fungos também sejam incluídos nessa reflexão, levantando a questão de quais seriam as formas de pensamento desses seres aparentemente menos complexos.
O debate sobre a consciência animal está longe de chegar a uma conclusão definitiva, mas sua importância reside na abertura para novas perspectivas e na necessidade de repensar a relação entre os seres humanos e as outras formas de vida que compartilham o planeta conosco.