Opinião dividida: pesquisa revela que mais da metade da população é contrária ao modelo atual de cotas nas universidades federais.

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha sobre a lei de cotas nas universidades federais revelou que mais da metade da população brasileira é contrária ao modelo atual da política. Os dados apontam que 41% das pessoas acreditam que a lei deve existir apenas para alunos de escola pública, sem critério racial, enquanto outros 15% defendem que não deveria haver nenhuma reserva de vagas.

Por outro lado, 42% dos entrevistados afirmaram que a lei deve permanecer como está atualmente, com 50% das vagas reservadas para alunos de escola pública, incluindo cotas específicas para pobres, pretos, pardos e indígenas. O apoio a regras de reserva de vagas soma 83% da população, porém, o critério racial ainda divide opiniões.

A lei de cotas foi aprovada em 2012 e passou a valer de forma escalonada nas universidades federais a partir de 2013. A reserva de 50% das vagas para alunos de escola pública só foi plenamente alcançada em 2016. Posteriormente, instituições estaduais, como a Universidade de São Paulo (USP), também aderiram ao modelo de cotas.

No ano passado, o Congresso aprovou uma renovação da legislação que incluiu novidades, como a redução da renda familiar para as reservas de vagas e a inclusão de estudantes quilombolas entre os beneficiários do sistema. A pesquisa do Datafolha foi realizada com 2.002 entrevistas presenciais em 147 municípios, mostrando que o apoio à lei vigente é maior entre os grupos mais afetados pela política de cotas.

Os estudos demonstram que a política de ação afirmativa tem contribuído para uma maior inclusão de grupos historicamente excluídos no ensino superior público. Mesmo com a resistência de alguns setores da sociedade, as cotas raciais vêm promovendo mudanças significativas no perfil dos alunos e não têm prejudicado a qualidade das instituições de ensino. A implementação das cotas também trouxe à tona o debate sobre a necessidade de comissões de heteroidentificação para verificar a veracidade das autodeclarações dos candidatos.

Em meio a essas discussões, um estudante aprovado por cotas raciais na Faculdade de Direito da USP entrou com uma ação judicial após ter perdido a vaga por não ter sido considerado pardo. A presidente da Andifes, Márcia Abraão, afirmou que a presença das bancas de heteroidentificação tem ajudado a reduzir questionamentos e judicializações nos processos seletivos das universidades federais.

Diante disso, a questão das cotas raciais continua sendo um tema polêmico no Brasil, com variações de apoio da população ao longo dos anos. A pesquisa do Datafolha revela que a discussão sobre as cotas e seus critérios ainda está em aberto, com diferentes pontos de vista em relação à eficácia e justiça do sistema de reserva de vagas nas universidades.

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